• Governo se prepara para responder a ataques da oposição pelo resultado do PIB no 2º trimestre, que aponta recessão técnica após a queda de 0,6% no trimestre
João Villaverde - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O resultado do PIB no segundo trimestre, que colocou o País em recessão técnica após a confirmação de dois trimestres consecutivos com crescimento negativo, deve se tornar um ponto importante no debate eleitoral. O número divulgado nesta sexta-feira, pelo IBGE, mostra uma queda de 0,6% no segundo trimestre, e traz também uma revisão do PIB do primeiro trimestre, que passou de 0,2% para -0,2%.
O governo já se prepara para o bombardeio que virá da oposição. “Fato é que, se teve recessão, ela já passou. Estamos em ritmo mais acelerado agora. Mas não é algo bom nesta altura do campeonato”, disse uma fonte do Ministério da Fazenda, já em clima de expectativa negativa, que também foi reverberada no Planalto. Na quarta-feira, Dilma se reuniu com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para discutir sobre a comunicação do governo a ser adotada após a divulgação do PIB.
A mensagem central do governo - de que o quadro econômico “já está melhor” - foi antecipada nesta quinta-feira pela manhã, quando os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior, anunciaram o Orçamento de 2015. Na apresentação, Mantega e Miriam apresentaram números muito melhores para 2015 (tanto para PIB quanto para inflação) do que todos os registrados de 2011 para cá. Mantega também repetiu por três vezes ao longo da cerimônia que o quadro econômico atual é mais dinâmico do que em vigor no início de 2014.
À frente da política econômica há mais de 8 anos, Mantega também fez duros ataques aos economistas da oposição, notadamente Armínio Fraga, que presidiu o Banco Central (BC) durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (1999-2002). Coordenador econômico da campanha de Aécio Neves (PSDB), Fraga já foi anunciado pelo candidato tucano como futuro ministro da Fazenda, em eventual vitória do PSDB.
Questionado durante o anúncio do Orçamento 2015 sobre as críticas à política econômica feitas tanto por Aécio quanto por Marina Silva (PSB), Mantega fez um discurso pesado, na tentativa de assustar principalmente os trabalhadores assalariados, com a perspectiva de vitória da oposição. “Tudo o que a população brasileira ganhou nos últimos anos, com aumento de renda e queda da taxa de desemprego, corre o risco de ser revertido”, disse Mantega, que fez uma referência indireta à Armínio: “Me preocupa muito a política monetária que vai combater a inflação de forma radical, porque poderemos ter a volta dos juros estratosféricos do passado”.
Meta de inflação. Mantega também afirmou que a inflação durante o governo Dilma Rousseff “nunca estourou o teto” da meta de 6,5%, e citou, novamente, Armínio Fraga, de forma indireta. “Um ex-presidente de BC que está numa candidatura entregou inflação acima da meta”, disse.
Ao final, Mantega afirmou que o governo Dilma resistiu a praticar o “populismo cambial” para derrubar a inflação, “diferente de governos passados, que chegaram a segurar o câmbio fixo por quatro anos, até estourar”. A referência foi ao primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que entre 1995 e 1998 manteve o real fixo ao dólar na relação de um para um. A política mantinha a inflação controlada, mas acabava punindo os exportadores.
Uma reação imediata à fala de Guido Mantega veio do economista Mansueto Almeida, um dos mais próximos de Armínio Fraga na coordenação econômica da campanha de Aécio Neves à presidência. Em seu Twitter, Almeida afirmou: “O ministro Mantega acaba de fazer terrorismo eleitoral. Disse ter medo da política econômica da oposição. Deveria ter (medo) quando olhar para o espelho”. / Colaborou Tânia Montero
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