• Presidente sugere que visão da adversária é ‘simplista’, Lula pede que eleitor ‘não acredite em quem faz apologia da não política’ e programa do PT diz que ‘ninguém quer incerteza de uma aventura’
Rafael Moraes Moura, Nivaldo Souza, Ricardo Della Coletta, Tânia Monteiro, Lilian Venturini e Valmar Hupsel - O Estado de S. Paulo
A campanha à reeleição de Dilma Rousseff intensificou nesta quinta-feira, 28, as críticas à candidata do PSB ao Planalto, Marina Silva. Em entrevista, a presidente sugeriu que a adversária é “simplista” ao dividir políticos entre “bons e maus”. Horas depois, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em discurso que o eleitor não deve acreditar “em quem faz apologia da não política”, numa outra referência indireta à ex-ministra do Meio Ambiente. Já no rádio, o programa eleitoral petista bateu na tecla de que “ninguém quer a incerteza de uma aventura”.
A ofensiva governista vem se somar às críticas que já vinham sendo feitas pelo candidato tucano ao Planalto, Aécio Neves, desde o debate da TV Bandeirantes na terça-feira passada. Aécio já fez referências sobre riscos de “aventuras” e citou “que o Brasil não é para amadores”.
Tanto o tucano quanto os petistas tentam explorar a imagem de inexperiência da candidata do PSB. Sugerem ainda que ela não conseguirá governar por afastar os partidos em razão de seu discurso da “nova política”. Marina tem dito que, se eleita, vai buscar “os melhores” de cada partido. Chegou a citar Eduardo Suplicy (PT) e José Serra(PSDB).
Pela mais recente pesquisa Ibope/ Estadão/ TV Globo, divulgada na terça-feira, Dilma tem 34%, Marina tem 29% e Aécio tem 19%. Na simulação de 2º turno, a candidata do PSB, que substituiu Eduardo Campos após a morte do ex-governador pernambucano num acidente aéreo no dia 13 de agosto, venceria a presidente por 45% a 36%.
Complicada. “Acho que essa distinção entre bons e maus é uma distinção muito complicada e simplista. Para mim, os bons neste país são aqueles que têm compromisso com distribuição de renda e inclusão social”, disse Dilma nesta quinta, ao conversar com jornalistas depois de participar de evento da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura (Contag).
O evento foi feito sob medida para render imagens de Dilma nos “braços do povo” para o horário eleitoral. Ela recebeu da Contag um documento com propostas elaboradas pelo movimento sindical, como acelerar a reforma agrária e consolidar a educação no campo, dois pontos frequentemente criticados pelos trabalhadores rurais. Marcado para o horário do almoço, contou com a presença de cinco ministros e um grande contingente de seguranças do Planalto. “Pra mim, o conceito de ‘bons’ tem de ter ligação com o compromisso. Todas as pessoas podem ser boas ou más, mas as boas pessoas podem não ter compromisso. A pessoa é muito boa, mas o compromisso dela é com outra coisa. Ela tem compromisso com o crescimento de 3% da população. Agora eu prefiro o bom com compromisso com a maioria da população brasileira”, afirmou a petista.
“Tem gente que acha que um cargo de presidente da República é só de representação. Não é”, engrossou o coro de críticas o presidente do PT, Rui Falcão.
Conversa. Lula foi ao ataque durante evento de apoio ao candidato petista em São Paulo, Alexandre Padilha. “É impossível governar fora da política, pois quem for eleito presidente da República tem que conversar com o Congresso Nacional. Não está na hora de negar a política”, disse ele, sem citar o nome de sua ex-ministra do Meio Ambiente uma única vez.
As afirmações de Lula foram feitas em cima de um carro de som, na cidade de São José dos Campos, no Vale do Paraíba.
Marina foi uma da poucas figuras políticas que se beneficiaram dos movimentos de rua deflagrados em todo o País em junho de 2013, pelo fato de ter conseguido passar uma imagem de que não compactua com o atual modelo de representatividade.
O evento de Lula nesta quinta foi primeiro ato político em que ele participou ao lado de Padilha após a divulgação das pesquisas de intenção de votos feitas depois do início do horário eleitoral, que apontam estagnação do candidato petista em 5%.
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