Mercado projeta retração de 0,58% do PIB em 2015, a maior queda em 25 anos
• Se confirmada a estimativa, retração do PIB será a maior desde 1990, quando a economia se contraiu 4,35%; para a inflação, projeção foi elevada para 7,47%
- Agência Estado
Com a deterioração das estimativas para a produção industrial, o mercado aprofundou a perspectiva de retração da economia brasileira em 2015. Piorou também a estimativa para a inflação, que deve fechar o ano em 7,47%, segundo analistas.
A estimativa mediana do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 passou de -0,50% para -0,58% no Relatório de Mercado Focus, divulgado pelo Banco Central. Há quatro semanas, a estimativa ainda estava positiva, em 0,03%. Se confirmada a retração, a queda será a maior desde 1990, quando o PIB fechou o ano em -4,35%. A estimativa divulgada nesta segunda-feira foi a nona revisão seguida para baixo desse indicador. Para 2016, a expectativa segue um pouco mais otimista com previsão de alta de 1,50% (foi a quarta manutenção seguida).
O relatório Focus reúne a opinião de cerca de 100 casas do mercado financeiro sobre as principais variáveis econômicas, como PIB, inflação e câmbio.
A produção industrial continua como referência para a confecção das previsões para o PIB em 2015 e 2016. A mediana das estimativas do mercado para o setor manufatureiro revela uma expectativa de queda de 0,72% para este ano, bem maior do que a previsão de baixa de 0,35% vista na semana passada e de alta de 0,50% de quatro semanas atrás. Para 2016, as apostas de expansão para a indústria são de elevação e foram ampliadas de 2,00% para 2,40% de uma semana para outra.
Inflação. Na semana de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre o rumo da taxa básica de juros Selic, o Relatório Focus revela que a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2015 passou de uma alta de 7,33% para 7,47%, a nona semana consecutiva em que há alta neste ano. Para 2016, a mediana das projeções para o IPCA foi reduzida de 5,60%, patamar registrado por cinco semanas seguidas, para 5,50%.
O Banco Central trabalha com um cenário de alta para o IPCA nos primeiros meses deste ano, mas conta com um período de declínio mais para frente, levando o indicador a ficar no centro da meta de 4,5% no encerramento de 2016. Apesar desse prognóstico mais positivo para o médio prazo, as expectativas para a inflação suavizada 12 meses à frente seguem elevadas. Passaram, no entanto, de 6,55% para 6,54% de uma semana para outra, ante 6,61% de um mês antes.
É no curto prazo que os preços mostram mais descontrole. Depois da alta de 1,24% de janeiro, revelada pelo IBGE, os analistas preveem que o IPCA suba 1,07% em fevereiro - na semana anterior estava em 1,04% e quatro antes, em 1,01%. Para março, é aguardada uma pequena desaceleração da taxa, que deve ser de 0,95%.
Na semana anterior, porém, a mediana das previsões estava mais baixa, em 0,79% e um mês antes, em 0,59%.
As projeções para os preços administrados em 2015 avançaram de 10,40% na semana passada para 11% agora. Um mês antes, a mediana estava em 9,00%. Já para 2016, a expectativa é a de que a pressão para a inflação desse conjunto de itens seja menor. A mediana das estimativas continuou em 5,50% pela terceira vez consecutiva.
Sobre os preços administrados de 2015, o BC explicou que a sua projeção em nível elevado considera hipótese de elevação de 8% no preço da gasolina, em grande parte, reflexo de incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e da PIS/COFINS; de 3,0% no preço do gás de bujão; de 0,6% nas tarifas de telefonia fixa; e de 27,6% nos preços da energia elétrica, devido ao repasse às tarifas do custo de operações de financiamento, contratadas em 2014, da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). (Colaborou Célia Froufe, da Agência Estado)
Nenhum comentário:
Postar um comentário