- Folha de S. Paulo
O teatro de horrores tira duas semanas de férias. Com o Congresso em recesso a partir de hoje, seremos poupados de novas bombas fiscais, de chantagens a céu aberto, de retrocessos da pauta conservadora e da hipocrisia sem fim.
Mas é só uma pausa. Tudo indica que, na volta do descanso, o que estava ruim pode ficar ainda pior.
Eduardo Cunha, aquele que foi governista sem nunca ter sido, promete que não adotará uma "pauta de vingança" depois de romper com o governo Dilma. Puro jogo de cena.
O presidente da Câmara afia suas garras para sangrar a presidente petista em praça pública, quero dizer, no plenário da Casa que preside. A dúvida é se manterá os mesmos poderes depois da acusação de embolsar US$ 5 milhões do petrolão.
Em agosto, mês do desgosto, ele deve ser denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por envolvimento na Lava Jato. Aí, quem adora infernizar a vida alheia terá a sua bem infernizada.
Já Dilma vai viajar pelo Nordeste, onde sua vida ficou ruim, mas ainda não é péssima, para tentar recuperar sua popularidade. Mas tem de cuidar do seu governo, que não para no recesso parlamentar, apesar de passar a impressão de paralisado.
Um dos motivos, por sinal, de sua fraqueza no Congresso. Se a economia não estivesse tão no chão por causa de um governo sem munição, Dilma estaria bem na foto e não teria virado presa fácil de infiéis aliados.
Ela terá, por sinal, de tratar de temas nada agradáveis neste período, como se reduz ou não a meta fiscal. Tema vital para recuperar a economia, sua grande salvação, mas que em parte depende da boa vontade do Congresso na volta das férias.
Até lá e depois, o maior sonho da petista é um Eduardo Cunha enfraquecido para começar a escapar de um agravamento da crise política. Enfim, o recesso é um período de refresco para Dilma Rousseff, mas o país não para, apesar de estar não só parando, mas recuando.
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