Catia Seabra, Marcos Augusto Gonçalves | Folha de S. Paulo
NOVA YORK - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), fugiu do tom até então habitual em suas declarações quando questionado sobre a sucessão de 2018, e disse, em Nova York, que o candidato de seu partido à Presidência será "aquele que a população desejar".
"O PSDB não vai fugir dessa missão. Será candidato do PSDB aquele que tiver melhor posição perante a opinião pública. Aquele que representa o interesse popular. Para ser competitivo, para vencer as eleições, vencer o PT, vencer o Lula", afirmou.
Habitualmente, Doria vinha sempre defendendo a candidatura de Geraldo Alckmin, seu padrinho político, fragilizado após delatores da Odebrecht o acusarem de receber caixa 2.
Doria, que tem tido o nome cada vez mais citado como possível candidato ao Planalto, é o tucano mais bem posicionado, ainda que dentro da margem de erro, em pesquisa Datafolha divulgada em abril. Ele chega a 9% das intenções, contra 6% do governador.
Doria e Alckmin estão em Nova York para eventos com investidores e empresários.
Num café da manhã promovido pela Fundação Getulio Vargas, Doria evitou protocolarmente afirmar que é candidato ao Planalto. Mas as reações da plateia e de alguns palestrantes, como o ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni, não deixaram dúvidas quanto às simpatias pelo nome do prefeito.
Aplaudido de pé, ele apresentou-se como um gestor com experiência empresarial e procurou desvincular-se da "velha política". Disse que pretende levar para a administração pública princípios de gestão da iniciativa privada.
Langoni elogiou a atitude do tucano em defesa de um Estado "minimalista" e disse estar animado com a "renovação política" em curso no país, "que nos enche de esperança". Afirmou que Doria, "com sua força interior", surge como uma "estrela crescente da política brasileira".
Na viagem, o prefeito tem um bônus em relação ao governador -ele foi agraciado com o prêmio Homem do Ano pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, que será entregue num jantar, nesta terça (16), no Museu de História Natural.
A competição velada de Doria e Alckmin para conquistar apoios -numa espécie de "prévias antecipadas" -também foi sentida na fala do governador. Em Nova York para apresentar a investidores um programa de privatizações, concessões e parcerias no Estado, ele disse que está "preparado" e tem "vontade, agenda, programa, aliança e conhecimento" para ser candidato à Presidência em 2018.
Apesar de declarar-se pronto para concorrer, Alckmin ponderou que "esse assunto encurta o governo atual" e deveria ser evitado no momento, para que as reformas possam ser aprovadas.
Após almoço em Wall Street, o governador defendeu a realização de prévias no partido. O prefeito também tinha seguido a mesma linha no café da manhã, quando criticou caciques políticos e rememorou sua trajetória vitoriosa –apesar de muitos terem avaliado que ele era "um riquinho" com poucas chances.
Doria encerrou seu discurso de 35 minutos dizendo que sua bandeira "não é vermelha, é verde e amarela".
À noite, durante jantar com empresários, o prefeito de São Paulo voltou a defender a realização de prévias para a Presidência. Diante de Alckmin, Dória elogiou o governador e ressaltou: "Quero fazer registro da lealdade que tenho ao governador Geraldo Alckmin", discursou
Antes de falar aos jornalistas, a equipe do prefeito divulgou nas redes sociais uma entrevista concedida ao jornal "Financial Times" -antes do próprio diário britânico- na qual diz que o novo presidente precisará ter perfil de gestor. E acrescenta: "Cada coisa tem seu tempo: 2018 em 2018".
Nenhum comentário:
Postar um comentário