O caminho que o governo segue é essencialmente o correto para se conseguir gerar crescimento de longo prazo
Sérgio Vale | O Estado de S.Paulo
Em meio às lembranças de um ano de governo Temer, o número simbólico da retomada veio com a divulgação da estimativa do PIB feita pelo Banco Central. Em um ano, a reversão conseguida não foi trivial, dado que, no primeiro trimestre do ano passado, a economia estava caindo 6,2% e agora fechou o trimestre em alta de 0,3%, apenas reforçando nossa antiga projeção de crescimento de 1% este ano.
Muitas vezes, há expectativas de fortes viradas, de recuperações espetaculares, o que não tinha como acontecer dado que a saída da crise dependia de fortes ajustes nas políticas monetária e fiscal, justamente aquelas que poderiam dar algum alento no curto prazo. Foi muito diferente da saída do impeachment de Collor, em que a regra foi afrouxar as duas políticas. Ao menos este ano dependeremos de setores específicos, como o agronegócio que, com seus 23% de participação no PIB e crescimento de dois dígitos, será o grande responsável pelos bons números de 2017.
Dada a dificuldade de nadar em águas turbulentas, especialmente pelo caos político em que ainda vivemos, a façanha da recuperação observada não pode ser minimizada. Mais ainda porque ocorreu em conjunção com inúmeras reformas na economia cuja discussão nem se imaginava possível, quanto mais sua aprovação.
O caminho que o governo segue é essencialmente o correto para se conseguir gerar crescimento de longo prazo. Assim como o milagre dos anos 70 e o crescimento da década passada tem muito das reformas da dupla Campos/Bulhões dos anos 60 e de FHC nos anos 90, as reformas ora feitas serão essenciais para que se consiga um mínimo de crescimento de produtividade na próxima década.
Isso não significa, claro, que o jogo está ganho e o pouco que se recuperou está garantido. Estamos apenas começando um longo processo de reformas, mas o saldo é amplamente favorável até agora.
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