A reativação dos negócios, ainda tímida, já se reflete na criação de empregos com carteira, uma das melhores notícias num país ainda marcado pelos efeitos da pior recessão da história republicana. Foram abertos em abril 59,9 mil postos de trabalho formais. Foi o resultado de 1,14 milhão de contratações e 1,08 milhão de demissões. Outra notícia especialmente bem-vinda é o aumento de admissões na indústria de transformação, a principal fonte, ainda, dos empregos com melhores condições de salários e benefícios. O agronegócio, com excelente desempenho no primeiro trimestre, também tem contribuído para a absorção de mão de obra.
O saldo de admissões e demissões de abril foi o segundo com sinal positivo, neste ano. O primeiro ocorreu em fevereiro, com a criação de 35,6 mil postos. Mas o acumulado no ano ainda está no vermelho, com o fechamento de 933 postos. Com esse número, o emprego formal permaneceu praticamente estável desde o fim de 2016, depois de uma longa fase de fechamento de vagas com carteira.
Em 12 meses houve uma redução de 969,9 mil postos e ainda será necessário um bom tempo de reanimação econômica para recompor o mercado de empregos, tanto formais quanto informais. A informalidade poderá crescer por algum tempo, mas tenderá a diminuir com a intensificação progressiva da atividade na produção, no consumo interno e no comércio exterior. A exportação, de fato, já tem dado uma contribuição importante para o fortalecimento de alguns segmentos da indústria e para a melhora do emprego urbano.
O agronegócio, o setor mais competitivo e mais integrado ao comércio internacional, mantém-se como um dos mais sólidos da economia nacional e gerou 14,6 mil empregos no mês passado, 29,1 mil no ano e 9 mil em 12 meses.
A indústria de transformação abriu 13,7 mil vagas em abril e 32,5 mil em 2017, claros sinais de reativação de alguns segmentos. Mas perdeu 205,1 mil em 12 meses e a normalização de suas condições de emprego ainda vai consumir um bom tempo. Os números do mês são sem ajuste. Os acumulados no ano são ajustados com base nos fatores sazonais.
Segmentos com participação considerável no comércio internacional, como as fábricas de tecidos e de roupas e as de calçados, apresentam bom saldo de contratações neste ano: 16,6 mil no primeiro caso e 19,3 mil no segundo, sempre com ajuste. A indústria de veículos continua com o quadro de pessoal muito desfalcado, embora sua produção e suas vendas externas tenham crescido em 2017.
As contratações do comércio continuam fracas, de apenas 5,3 mil em abril. No ano, houve demissões líquidas de 113,1 mil, considerados os fatores típicos do período. A baixa da inflação tem preservado a renda real das famílias e isso poderá contribuir para o aumento das vendas do comércio varejista, mas, por enquanto, o efeito foi muito limitado.
O desemprego ainda elevado – mais de 14 milhões de pessoas – e outros fatores de incerteza devem estar mantendo os consumidores ainda retraídos ou sem propensão para ir às compras com entusiasmo. A intenção de consumo das famílias, medida em pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), diminuiu 0,2% de abril para maio, mas, ainda assim, permaneceu em 77,7 pontos. Esse nível é 11,1% superior ao de um ano antes, mas ainda está abaixo da linha divisória das áreas de pessimismo e otimismo (nível 100). A preocupação com o mercado de emprego continua evidente: o número de famílias seguras quanto à ocupação ainda ficou em 31,8% em maio, parcela quase igual à de abril (31,6%).
Mas o quadro geral tem aspectos claramente positivos. Há sinais claros de reativação em várias indústrias, como indicam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e no primeiro trimestre a economia saiu da recessão, a julgar pelo Indicador do Nível de Atividade produzido pelo Banco Central. Também o modelo usado pela Serasa apontou crescimento da atividade (0,9%) no primeiro trimestre. O resultado dependeu amplamente da agropecuária, mas a reativação, tudo indica, tende a espalhar-se.
Nenhum comentário:
Postar um comentário