Executiva Nacional do PT recebe carta com instrução do ex-presidente; Ciro opta pela ruralista Kátia Abreu
O ex-presidente Lula indicou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como seu candidato a vice, por meio de carta lida em reunião da Executiva Nacional do PT. A cúpula petista negociou com o PCdoB a retirada da candidatura de Manuela D’Ávila, que poderá integrar a chapa no futuro, se a candidatura de Lula for impugnada pela Justiça. Outros dois candidatos definiram suas escolhas. Com a opção pelo general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), defensor da ditadura militar, Jair Bolsonaro (PSL) dobrou a aposta na linha dura. O candidato do PDT, Ciro Gomes, que cortejava Manuela, acabou convidando a senadora Kátia Abreu, líder dos ruralistas.
Chapa militar: Bolsonaro escolhe general Mourão como vice
Jussara Soares | O Globo
SÃO PAULO / Em decisão classificada como “pessoal”, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) escolheu ontem o general da reserva Hamilton Mourão (do PRTB) como vice em sua chapa. O comunicado foi feito durante a convenção do PSL em São Paulo, em um clube na Zona Norte da capital paulista. O anúncio do militar frustrou uma plateia que, antes do início do evento, aclamava o administrador e membro da família imperial brasileira, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, como vice.
Mourão não foi a primeira opção de vice para Bolsonaro. No início da pré-campanha o deputado queria o senador Magno Malta (PR) para o posto. No mês passado, o partido, controlado por Valdemar da Costa Neto, preferiu se aliar ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa ao Planalto. Depois, as opções ventiladas foram a advogada Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o general da reserva Augusto Heleno (PR P) e o astronauta Marcos Pontes (depois descartado pelo próprio Bolsonaro).
No sábado, Paschoal alegou razões “familiares” para não aceitar o convite. No caso de Heleno, o próprio PRP vetou a aliança — o partido fechou apoio a Alvaro Dias ( Podemos).
Presidente do Clube Militar, o general Mourão chegou a sair do páreo na disputa pelo cargo de vice em função de declarações que fez sobre parte dos eleitores do candidato. Em uma das ocasiões, disse considerar “meio boçal” o radicalismo de alguns dos apoiadores de Bolsonaro. Ele também causou polêmica nos últimos anosa o defendera intervenção militar no país como resposta para a crise econômica e política.
A postura levou à perda do cargo de secretário de Economia e Finanças do Exército, em dezembro do ano passado. Ontem, pela primeira vez como candidato a vice, ele baixou o tome minimizou as próprias declarações:
— Não estamos atentando contra as instituições, buscando quebrar o sistema democrático. Que radicalismo que existe aí? — afirmou.
O general também admitiu que “não foi feliz” quando defendeu a intervenção militar no país.
— Naquela ocasião, não fui feliz na forma como eu respondi. O que quis colocar é que as Forças Armadas, dentro da visão militar, são responsáveis pela garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem. Quando se fala isso, estamos falando em garantira democracia e a paz social. Felizmente tudo está caminhando da forma que tem que ser — completou Mourão.
O militar também afirmou que foi “mal- interpretado” ao criticar apoiadores de Bolsonaro:
— O que eu disse é que todo o radicalismo é ruim. Não podemos separar os brasileiros — disse.
Com a aliança , Bolsonaro passará a ter nove segundos de tempo de TV. O deputado era o único entre os principais presidenciáveis que, até ontem, corria o risco de ficar sem alianças. Geraldo Alckmin fechou com o centrão, Marina Silva (Rede) é aliada do PV e Ciro Gomes terá a companhia do Avante na sua candidatura.
PRÍNCIPE CHANCELER
Em seu discurso, Mourão defendeu que os brasileiros devam “ascender por méritos próprios” e considerou acabar com o Bolsa Família à medida que postos de trabalhos sejam criados. Por sua vez, Bolsonaro disse que a “dobradinha militar ”formada por ele e Mourão é apenas uma “chapa de brasileiros”, e evitou dar detalhes dos motivos que o levaram a escolher o colega de farda, preterindo o administrador e membro da família imperial brasileira, Luiz Philippe de Orleans e Bragança como vice. Ele, que ficará com o cargo de ministro das Relações Exteriores num eventual governo de Bolsonaro, soube que não fora escolhido para vice pouco antes da convenção.
— Neste momento, eu deixo de ser capitão, e Mourão deixa de ser general. Passamos a ser soldados do nosso Brasil — disse o presidenciável, que foi recebido no palco com bateria de escola de samba e um homem fantasiado de Capitão América, sacudindo uma bandeira gigante do Brasil.
Em entrevista aos jornalistas, o candidato criticou o excesso de questionamento sobre o nome que ia compor a sua chapa:
— Vice nunca ocupou espaço na política brasileira.
Confirmando que a decisão pela vice ocorreu na última hora, Mourão também afirmou ter sido comunicado sobre a escolha de seu nome apenas na manhã de ontem. Ele acredita que a amizade de mais de 40 anos dos dois tenha pesado na decisão. O militar afirmou que a aliança não representa um radicalismo.
—O PRTB e o PSL continuam comum valor, que é o bem comum do povo brasileiro. A defesa dos nossos valores, a defesa da integridade do nosso território e patrimônio—disse o general.
Coma aliança, o presidente do PRTB, Levy Fidélix, que concorreu ao Planalto em 2010 e 2014, abriu mão da candidatura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário