Políticos com baixa popularidade e uma população desinteressada ameaçam com baixos índices de votos válidos
Encerrado o ritual de definições partidárias, agora os candidatos estão diante do desafio de despertar o interesse de 147,3 milhões de eleitores nas eleições gerais de outubro. O tempo é curto, somente oito semanas. Não vai ser fácil mobilizara atenção e induzir o debate sobre o futuro do país num ambiente permeado pela desconfiança nos políticos.
Mesmo reconhecendo que eleições têm o potencial de mudar os rumos do país, seis em cada dez eleitores ainda relutam: demonstram pouco ou nenhum interesse, repetem nas pesquisas como a recém- divulgada pelo Ibope/ CNI.
Prévia desse comportamento pode ser observada nas recentes eleições do Amazonas e do Tocantins, quando mais da metade do eleitorado escolheu o chamado não voto, abstendo- se de comparecer, anulando ou votando em branco.
É um fenômeno global e não uma peculiaridade doméstica. No Brasil, porém, a ausência de confiança do eleitorado foi potencializada por razões objetivas, como o desencanto com os governos do PT e do MDB, realçado pelas sequelas deixadas pela gerência irresponsável da economia nos seis anos de Dilma Rousseff. Basta lembrar que o Produto Interno Bruto (PIB) per capita caiu 10% entre 2015 e 2016.
As eleições gerais representam uma oportunidade para o resgate da confiança. São 77,3 milhões de mulheres (52,5% do total) e 69,9 milhões de homens (47,5%) à espera de respostas realistas sobre a recuperação do país. Dados da Justiça Eleitoral mostram novidades: nas urnas haverá uma ampla maioria (63,2%) de brasileiros com mais de 35 anos de idade, e um contingente (36,8%) mais jovem. Para todos é essencial o debate franco sobre as perspectivas de progresso social, o futuro da Previdência, da saúde, educação, segurança e do mercado de trabalho.
Nesta campanha sem os orçamentos milionários do passado recente —contaminados pelas dádivas financeiras com expectativa de contrapartidas no Tesouro Nacional —, espera se a prevalência do realismo no diagnóstico e nas propostas. É possível antever frustração do eleitorado com a escassa renovação política. Juntos, parlamentares em busca da reeleição e burocratas administradores do poder e do dinheiro nos partidos impediram a reestruturação do organismo político nacional, inviabilizando milhares de candidaturas renovadoras nos estados.
Aos candidatos é imperativo conseguir a reversão das suspeitas desse eleitorado, justificadamente cético. Caso contrário, o mandato do eleito será desvalorizado a partir da posse. Um presidente que não consiga, já na campanha, consolidara confiança da maioria se arrisca a assumir o Planalto como refém de negociações pontuais a cada votação no Congresso, dependente de coalizões parlamentares sem compromissos programáticos, como é o caso do chamado centrão.
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