Aliança garante à pré-candidata da Rede 32 segundos diários de TV; para os verdes, luta pela sobrevivência foi determinante para parceria. Partidos também formarão frente parlamentar
Dimitrius Dantas, Jeferson Ribeiro e Maria Lima | O Globo
BRASÍLIA E RIO / A pré-candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, fechou ontem sua única aliança. Após meses de conversas com PPS, PSB, Pros e PHS, foi com um convite de última hora, feito no dia da convenção do PV, há uma semana, que o partido da ambientalista conseguiu um acordo. A aliança com o PV lhe garantirá mais tempo de televisão (32 segundos por dia), estrutura e um companheiro de chapa, o médico sanitarista Eduardo Jorge.
A decisão, antecipada pelo site do GLOBO, foi tomada ontem após uma reunião entre dirigentes das duas siglas em São Paulo. O encontro foi decisivo para convencer o presidente do PV, José Luiz Penna, considerado o fiel da balança dos rumos do partido. Os obstáculos ao acordo eram, principalmente, diretórios que já tinham feito articulações com outros candidatos no páreo, como Geraldo Alckmin e Alvaro Dias.
Nos últimos dias, alguns integrantes do partido, contrários ao acordo, chegaram a classificar a oferta de “chacota”, por ter sido feita no dia da convenção do PV. Penna disse que esse convite de “afogadilho” foi a maior dificuldade vencida nos últimos dias.
—Penso que foi uma coisa meio no afogadilho. Essa foi a dificuldade maior, porque tivemos que mostrar o mapa de alianças que temos no país e compreender que, em alguns lugares, a Rede está contra nós. Temos que fazer uma conta de chegada, mas houve compreensão e afabilidade. A proposta de ter o Eduardo na vice também encantou muito nossos pares —argumentou.
Após o fim da reunião, as propostas da Rede, como o apoio à candidatura do PV ao governo da Paraíba e a seus principais candidatos a deputado federal, foram encaminhadas a um grupo de mensagens da Executiva Nacional, e alcançaram maioria. A negociação com a Rede inclui também a formação de um bloco parlamentar.
ARESTAS APARADAS
A ex-senadora foi candidata a presidente pelo PV em 2010, mas saiu fazendo críticas à direção, liderada por Penna. Os dois ficaram sem conversar até o último dia 26, quando voltaram a se falar e fizeram uma análise do quadro nacional. Na avaliação do presidente do PV, a aliança apara as arestas do passado entre Marina e o partido. Segundo ele, a luta pela sobrevivência e a proximidade programática foram fundamentais para o acordo. No Twitter, Marina comemorou: “Feliz por esta tão importante decisão. Obrigada, Eduardo Jorge e Partido Verde. 2018 chegou”, escreveu.
Eduardo Jorge, escolhido como vice, foi um dos defensores mais enfáticos do acordo. Na convenção, ele indicou um apoio incondicional a Marina, independentemente da posição tomada pelo partido. Após a divulgação do acordo, prometeu que será um vice “discreto”. Com a definição do vice, o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, que era cotado para a vaga, concorrerá a uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Rio.
— Pela pulverização de candidaturas, sem a polarização, a campanha não deverá ser pior que a de 2014, que foi campeã mundial de jogo pesado. Estou preparado. Vou junto com Luiz Gonzaga e Gonzaguinha andar por esse país — disse Eduardo Jorge.
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