Davi
Alcolumbre planejou um dezembro glorioso. O presidente do Senado esperava
garantir a permanência no cargo e emplacar o irmão como prefeito de Macapá. Em
duas semanas, tudo foi por água abaixo.
No
dia 6, o Supremo Tribunal Federal surpreendeu e vetou a reeleição dos chefes da
Câmara e do Senado. A jogada estava ensaiada, mas a Corte voltou atrás e
desistiu de atropelar a Constituição.
No
dia 20, veio a segunda derrota: Josiel Alcolumbre perdeu a eleição na capital
do Amapá. Ele liderava as pesquisas desde o início da campanha, mas foi
ultrapassado na reta final pelo azarão Dr. Furlan.
O
presidente do Senado se empenhou nas duas disputas. Para conquistar a simpatia
do Supremo, engavetou pedidos de impeachment e barrou a chamada CPI da
Lava-Toga. Para eleger o irmão, montou uma coligação de 12 partidos, apoiada
pelas máquinas do estado e da prefeitura. A chapa parecia invencível até o
apagão que atingiu o Amapá em novembro.
Numa entrevista desastrada, Davi disse que o maior prejudicado com a falta de luz foi Josiel, “que ia ganhar a eleição no primeiro turno”. A declaração revoltou amapaenses que passaram 22 dias às escuras.
Na
véspera das urnas, Jair Bolsonaro ainda tentou retribuir a blindagem do senador
ao primeiro-filho. Em vídeo, ele pediu votos para Josiel “do fundo do coração”.
Tarde demais: a zebra já estava no pasto em Macapá.
Em
dois anos na cadeira, o presidente do Senado nunca deixou de agir como um
político do baixo clero. Sem luz própria, ele se equilibrou graças à
distribuição de cargos e favores. Quando os bolsonaristas ameaçavam fechar o
Congresso, fez cara de paisagem e aproveitou para arrancar mais verbas para
aliados.
Após
se recuperar do tombo, Davi poderá ser recompensado com uma vaga de ministro.
Nesse caso, Josiel também ganhará um consolo: ele é o primeiro suplente do
irmão no Senado.
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Depois de dois anos sem trabalhar, Bolsonaro saiu de férias. Deve ser isso o que chamam de meritocracia.
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