Doria
fez barba, cabelo e bigode no presidente
Na
medida em que se enfraquece, o presidente Jair Bolsonaro perde mais e mais o
controle sobre os fatos produzidos ou não por seu governo. Dois episódios de
ontem provam isso.
Os
cinco diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nomeados
por ele, anunciaram ao país que não existe tratamento preventivo contra a
Covid-19.
Desmentiram
Bolsonaro em transmissão nacional de rádio e de televisão. Até o ministro da
Saúde, o general de peito estufado Eduardo Pazuello, também o fez com todo o
cuidado do mundo.
Em
São Paulo, o governador João Doria (PSDB) deu início à vacinação em massa, o
que o Ministério da Saúde disse que só poderia acontecer depois de sua
autorização.
Doria
também reteve a cota paulista de doses da vacina fabricada pelo Butantan que o
Ministério da Saúde esperava receber para em seguida devolver a São Paulo. Uma
estupidez, por certo.
Foi
um ato de rebeldia do governador que, ao ser acusado por Pazuello de promover
um “golpe de marketing”, respondeu que há 11 meses Bolsonaro promove um “golpe
de morte”.
O
presidente da República vai fazer o quê? Processar Doria? Pressionar a Justiça
para que mande prendê-lo por crime de desobediência civil? Se o fizer, perderá.
Vamos ao mantra adotado por 9 entre 10 estrelas da política: presidente pode muito, mas não tudo. Bolsonaro, por mais que diga o contrário aos berros, cada dia que passa manda menos.
A
derrota que colheu com a aprovação emergencial das vacinas foi a maior derrota
desde que acidentalmente se elegeu há dois anos e tomou posse da presidência
sem estar preparado para isso.
Mais
de 70% dos brasileiros queriam se vacinar. O percentual crescerá com o início
da vacinação em massa. Bolsonaro sempre desacreditou a vacina e diz que não se
vacinará.
Em
todos os países onde começou, a vacinação foi festejada pelos chefes de Estado.
Aqui, Bolsonaro não deu um pio. Desapareceu. Apareça, Bolsonaro! Livre-se do
colete à prova de vacina. Não dói.
No
passado, quando um time goleava o outro, dizia-se que fez dele barba, cabelo e
bigode, lembrou o jornalista Ricardo Kotscho. Perfeito! Doria fez barba, cabelo
e bigode em Bolsonaro.
O
7 x 1 da Alemanha sobre o Brasil na Copa do Mundo de 2014 é pouco para dar a
verdadeira dimensão da surra que Bolsonaro levou de Doria. Outras surras virão
em breve.
Os
bolsonaristas e seus cúmplices construíram a falsa narrativa da invencibilidade
de Bolsonaro, fizesse ele o que fizesse. E que ele se tornara de alguns meses para
cá um presidente normal.
Jamais
Bolsonaro será um presidente normal porque como ser humano jamais foi normal.
Não pode ser normal quem defende a tortura, tem fixação em armas, detesta gays
e sabota a vida.
Aturá-lo por mais dois anos será insuportável, mas talvez sirva para ensinar os brasileiros a votar melhor.
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