A
pecha de corruptor, covarde e traidor se junta às outras para definir o pior
presidente do país
Desde
sua posse, Jair Bolsonaro já foi chamado de cretino, grosseiro, despreparado,
irresponsável, omisso, analfabeto, homófobo, mentiroso, escatológico, cínico,
arrogante, desequilibrado, demente, incendiário, torturador, golpista, racista,
fascista, nazista, xenófobo, miliciano, criminoso, psicopata e genocida. Os
autores dessas desqualificações são cidadãos comuns que escrevem mensagens para
os jornais, produzem memes e entopem as redes sociais. Está tudo registrado e
seria divertido ver o governo processar tal multidão.
Nenhum
outro governante brasileiro foi agraciado com tantos epítetos, a provar que a
língua é rica o bastante para definir o pior presidente da história do país.
Mas é inútil, porque nada ofende Bolsonaro. Ele se identifica com cada desaforo.
Afinal, foi quem rebaixou o Brasil ao nível de estrebaria de quartel, ao inundar os lares com um vídeo sobre golden shower, chamar um jornalista para a briga (“Minha vontade é encher a sua boca de porrada!”) e ejacular mais palavrões numa reunião ministerial do que em todas as reuniões ministeriais somadas desde 1889.
Seus
seguidores absorvem tudo isso porque ainda acreditam que ele livrou o Brasil da
corrupção. Não se perturbam com o fato de que Bolsonaro subverte as leis para
impedir que seus filhos se sentem no banco dos réus —por corrupção. E não
percebem que ele é que é, ao contrário, o grande corruptor —da Justiça, do
Exército, da diplomacia, do meio ambiente, da saúde. É o Midas do terror. Ao
seu toque, tudo ganha cheiro de vela e se decompõe.
Nos
últimos dias, Bolsonaro ganhou dois novos epítetos populares. Um, o de covarde,
ao jogar a culpa por seus crimes nos ministros que ele mesmo escolheu e
doutrinou.
Outro, e que só agora começa a ser percebido por seu próprio público, o de traidor, ao se pôr de quatro diante dos países, pessoas e instituições que ele ordenou odiar.
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