O Estado de S. Paulo
O Brasil também está em guerra, mas contra o crime organizado. E está perdendo feio
Se a guerra de Israel amontoa corpos de
crianças e os bombardeios continuam na Ucrânia (apesar do crescente
desinteresse internacional), o crime organizado vai vencendo a guerra urbana
brasileira, infiltrado nas instituições, nas polícias e agora até em quartéis
do Exército Brasileiro. A sociedade está espremida entre o medo de criminosos e
a descrença no Estado, cruel com uns, conivente com outros. “Quem pode pode...”
Como em Israel, Gaza e Ucrânia, os cidadãos comuns brasileiros são vítimas inocentes e a lista de crianças cresce, não só por ação de traficantes, milicianos e ladrões, mas também por tiros da própria polícia e da guerra entre organizações criminosas, como os quatro médicos à beira da praia, tomando uma cervejinha.
O “sumiço” de metralhadoras de longo alcance
do arsenal do Exército em Barueri, São Paulo, mexe em velhas e atuais feridas.
Como 21 armas, com 1,75 m e 40 kg, são tiradas de uma área sensível, de
segurança, sem ninguém ver, saber e impedir? O aquartelamento de 480 militares,
reduzidos depois a 160, indica que a suspeita é de que uma quadrilha agia ali.
O Exército é o maior interessado em apurar o
crime e punir com rigor os criminosos da Força. A revelação sacudiu a semana em
que a CPMI do Golpe pediu o indiciamento não só do ex-presidente Jair
Bolsonaro, por quatro crimes, mas de dois ex-comandantes militares, um do
Exército e outro da Marinha, dos generais do coração do antigo governo e de um
tenente-coronel da ativa, o famoso Mauro Cid.
E tem o relatório da CPI da Pandemia, com o
vexame de um general da ativa no Ministério da Saúde e coronéis em negociações
nebulosas de compra até de vacinas não autorizadas – um deles, aliás, alvo das
duas comissões, a da Pandemia e a do Golpe. Sem falar dos desvios durante a GLO
no Rio e do suboficial da Aeronáutica que traficava cocaína em avião da FAB.
E os policiais civis do Rio que escoltavam 16
toneladas (toneladas!) de maconha até na porta de delegacias? E a semana fechou
com novas operações da PF, mais uma contra policiais do Rio e outra contra
agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que monitoravam celulares
e movimentos de políticos, advogados, jornalistas e, talvez, até ministros do
Supremo, no governo Bolsonaro.
Por fim, como você define o delegado que
alegou que não houve “situação flagrancial” (flagrante) e liberou um criminoso
que estuprava a própria sobrinha? A menininha, de seis anos, é esperta,
corajosa e gravou o bandido. Sim, não havia flagrante, mas havia o vídeo do
crime, sr. delegado. Precisava prova mais contundente?
Um comentário:
Uma vergonheira generalizada.
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