O Estado de S. Paulo
Estudos mostram a dificuldade de crianças aprenderem em regiões de conflitos
Em todas as guerras, são as crianças que
sofrem primeiro e sofrem mais. A mensagem está em destaque no site do Unicef, o
fundo das Nações Unidas para a infância, ao lado de fotos de meninos e meninas
em meio aos destroços dos conflitos no Oriente Médio. Desde o dia 7, mais de
1,5 mil crianças morreram na Faixa da Gaza e 4 mil foram feridas.
Mas antes do horrendo ataque do Hamas a Israel e da resposta a ele, as cerca de 1 milhão de crianças da região já viviam uma crise humanitária. Relatório do Unicef do primeiro semestre de 2023 dizia que o aumento da violência na região tinha limitado o acesso a água, alimentos, eletricidade e higiene, impactando a “sobrevivência e o desenvolvimento” das crianças.
Fala ainda do fechamento de escolas e
suspensão de aulas por longas greves, combinadas com a pobreza extrema e mortes
de estudantes. Dados da Unesco também mostram a Palestina como um dos sete
Estados com mais escolas atacadas do mundo, entre 2013 e 2021. E que 21% dos
alunos do que seria o fundamental 2 no Brasil (6º ou 9º ano) já abandonaram os
estudos.
Além de desnutrição infantil, traumas
psicológicos e doenças, o Unicef relata questões graves de aprendizagem em Gaza
e o recrutamento de professores para aulas de reforço de língua árabe e
Matemática. Estudos mostram a imensa dificuldade de crianças aprenderem em
regiões de conflitos.
E é neste cenário que estamos assistindo há
quinze dias a uma das guerras mais sangrentas dos últimos anos. Os bombardeios
já atingiram 170 instituições de ensino, além de um hospital cujas imagens de
mortos e feridos entre as cinzas horrorizaram o mundo. Todas as escolas estão
fechadas.
Segundo o Unicef, entre os 1.300 mortos em
Israel, não há ainda informações precisas de quantos eram crianças, mas
autoridades afirmam que há muitas entre os capturados pelo Hamas. Mesmo vivas
ou em belas escolas, o trauma não é menor entre crianças israelenses que
compartilham o desespero de seus familiares diante de mortes e uma guerra sem
fim.
Ao apelar por um “cessar-fogo humanitário
imediato”, o secretário geral a ONU, Antonio
Guterres, lembrou que “qualquer ataque a um
hospital ou escola é proibido pelo direito internacional”.
Não deveria ser preciso alertar que matar
crianças de fome ou com bombas e tirar delas o direito de ir à escola, brincar
e se desenvolver são crimes contra a humanidade. Não contra um lado ou outro. É
o mundo todo que destrói o presente – e o futuro – de uma sociedade já com tão
poucas esperanças de conviver pacificamente e de ensinar compaixão e
solidariedade para as próximas gerações.
Um comentário:
Texto duro mas verdadeiro e necessário!
Os pais das 1.500 crianças palestinas mortas pelos ataques israelenses neste mês vão considerar os judeus como "irmãos" ou vão, pelo menos uma parte, se filiar ao Hamas em busca de vingança em breve ou futura?
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