Folha de S. Paulo
A seguir o exemplo da Argentina, o deepfake
vai dominar eleições no Brasil
Milei ou Massa? Ninguém sabe quem ganha as
eleições na Argentina, as
mais disputadas da história recente do país. Mas já se pode apontar um
vencedor: a inteligência artificial, usada em larga proporção na campanha —e
sempre para ressaltar a imagem negativa do adversário.
Massa lançou um vídeo com personagens de animação que reconstitui um episódio histórico e traumático: o afundamento de um cruzador durante a Guerra das Malvinas, matando 323 argentinos. A primeira-ministra Margaret Thatcher surge dando a ordem para atacar e, em seguida, a voz de Milei dizendo que Thatcher foi um dos grandes líderes da humanidade. Os seguidores do candidato da ultradireita responderam com outro vídeo, no qual Massa "aparece" cheirando cocaína —a gravação foi editada para incluir o rosto do peronista numa imagem que mostra um homem consumindo a droga.
Imagine se fosse no Brasil. E estivéssemos em
2022, no auge da corrida ao Palácio do Planalto. O deepfake —ferramenta capaz
de encaixar rostos e vozes de qualquer pessoa no contexto desejado— iria deitar
e rolar. O mínimo que teríamos era um Lula bebendo pitu no Complexo do Alemão e
um Bolsonaro fantasiado de Thanos ou Vingador da Caverna do Dragão distribuindo
sopapos num exército de comunistas.
Em outubro, o ministro Luís Roberto Barroso,
do STF,
esteve na Câmara dos Deputados para defender que as plataformas digitais tenham
uma "regulação mínima". Falou ao vento, pois a maioria dos
parlamentares estava mais interessada em atualizar suas mídias sociais.
O PL das Fake News foi
amplamente debatido no início do ano, com mais de 30 audiências públicas, mas
acabou sendo retirado da pauta. Significou uma derrota não só para o governo
como para Arthur Lira, favorável à votação. Enquanto isso, as big techs
avançam. No X, há um novo sistema de verificação de informações que permite a
maior veiculação de... desinformação.
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