Bernardo Mello Franco
DEU EM O GLOBO
DEU EM O GLOBO
Warley Soares, motorista que atendia Lina Vieira, ex-secretária na Receita Federal, disse ontem que levou Lina diversas vezes ao Palácio do Planalto e, em determinadas ocasiões, recebeu instruções específicas para conduzi-la a reuniões na Casa Civil da Presidência da República. Assustado, ele não soube informar as datas das reuniões nem revelou detalhes que poderiam confirmar o suposto encontro de Lina com a ministra Dilma Rousseff. Mas confirmou que a entrada do carro oficial no Planalto é registrada na segurança da Presidência.
Motorista confirma ida à Casa Civil, mas sem data
Warley Soares afirma que várias vezes levou Lina Vieira, ex-secretária da Receita, para reuniões no Palácio do Planalto
BRASÍLIA. O motorista da exsecretária Lina Vieira na Receita Federal, Warley Soares, confirma que a levou diversas vezes ao Palácio do Planalto. Ele diz ainda que, em determinadas ocasiões, recebeu instruções específicas para conduzi-la a reuniões na Casa Civil da Presidência da República. Mas afirma não saber precisar datas ou episódios que confirmem ou não o suposto encontro em que a ministra Dilma Rousseff teria pedido a Lina para apressar investigações sobre empresas da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Motorista se diz assustado com repercussão do caso Chofer da cúpula da Receita há quatro anos, Warley, de 29 anos, deu entrevista ao GLOBO no início da noite de ontem e se disse assustado com a repercussão do caso. Em meia hora de conversa, a expressão que mais pronunciou foi “não sei”. No entanto, apontou três possibilidades de registro do encontro: a agenda de uma das três secretárias de Lina, os registros da segurança do Planalto, e o circuito interno de câmeras que filma a entrada e a saída de veículos e visitantes no Palácio.
Segundo o motorista, o itinerário de Lina era comunicado por telefone por uma das três secretárias dela. Essa era a senha para tirar o carro da garagem e esperar a chefe na portaria destinada às autoridades no Ministério da Fazenda, onde funciona a Receita Federal.
— A secretária liga e diz: “a doutora Lina tá descendo e tá indo para a Casa Civil.” Aí a gente já sabe que é o Palácio (do Planalto). Mas não sei com quem ela vai conversar.
Ao ser perguntado sobre datas, Warley foi evasivo. Disse não saber sequer se a ex-chefe esteve no local em dezembro passado, mês em que trabalhou até o dia 20. Segundo senadores da oposição, Lina teria afirmado reservadamente que o encontro aconteceu no dia 19.
— Não sei quantas vezes fui lá não. A data também eu não sei se foi a que ela citou — disse Warley.
Ele afirmou estar certo de que as câmeras do Palácio registraram todas as entradas e saídas do carro, um Vectra de cor prata e sem placa oficial, apreendido em operação da Receita. Warley contou que os motoristas de autoridades passam por apenas um controle, na guarita de entrada do Planalto. Ele afirmou que não apresentava documentos e se identificava apenas como motorista da secretária da Receita.
Em seguida, os seguranças pediam autorização para liberar o acesso à entrada da garagem junto ao elevador privativo, no subsolo.
— Deixava ela , subia e aguardava no estacionamento.
Tinha dia que era rápido e dia que demorava.
Segundo Warley, Lina é discreta e não costumava falar sobre sua rotina de trabalho ou as pessoas com quem iria se encontrar. Ele disse não ter memória de qualquer referência à ministra Dilma.
Ele diz não ter sido pressionado a pedir demissão Incomodado com a possibilidade de ser convocado a prestar depoimento, o motorista disse estar assustado com o assédio de jornalistas desde que Lina citou seu nome no Senado.
Ele mora em Taguatinga, cidadesatélite de Brasília, e não voltou para casa na terça-feira. Ontem, pediu para não ser fotografado.
— Estava chegando em casa e minha mãe me ligou avisando: “Olha, tá cheio de imprensa aí”.
Consegui passar a noite fora. Mas minha esposa tá lá, a minha filha também.
Warley acabou de pedir demissão da empresa Delta, que fornece mão de obra terceirizada ao órgão. Ele diz ter comunicado a saída na noite de segundafeira, horas antes de Lina citar seu nome na Comissão de Constituição e Justiça do Senado como testemunha do suposto encontro com Dilma. Mas afirma não ter sido pressionado e nega qualquer ligação entre a demissão e o confronto de versões entre a ex-chefe e a ministra da Casa Civil.
— Arrumei uma coisa melhor.
Fiz uma entrevista um mês atrás. Só coincidiram as datas — disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário