Apesar das medidas tomadas pelo governo federal desde o fim do ano passado -como o aumento da taxa de juros e restrições no financiamento de veículos-, o crédito no país cresceu 21% nos 12 meses encerrados em fevereiro, segundo dados do Banco Central.
Ao favorecer o consumo, essa expansão preocupa, pois contribui para alimentar a inflação.
Volume de empréstimos concedidos aumentou 21% nos últimos 12 meses
Crédito continua em alta apesar de medidas do BC
Volume de empréstimos concedidos aumentou 21% nos últimos 12 meses
Banco Central espera diminuir o ritmo de expansão da oferta de crédito para 13% até o final deste ano
Eduardo Cucolo e Lorenna Rodrigues
BRASÍLIA - A oferta de crédito na economia continua crescendo aceleradamente, apesar das medidas que o Banco Central tomou nos últimos meses para contê-la.
O volume de empréstimos do setor financeiro representava 46,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em fevereiro, de acordo com um informe divulgado ontem pelo BC. Há um ano, os empréstimos representavam 44,1% do PIB, que é a soma dos bens e serviços produzidos no país.
O volume total de empréstimos aumentou 21% nos últimos 12 meses. Na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse em audiência no Senado que o ideal seria reduzir esse ritmo para 15% ou menos.
Nesta semana o governo anunciou novas medidas para apertar o crédito e combater outros problemas, como a valorização do real frente ao dólar e o crescente fluxo de investimentos estrangeiros.
O governo decidiu cobrar IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 6% sobre empréstimos feitos no exterior com prazo de até um ano, numa tentativa de conter o endividamento de bancos e empresas e frear movimentos especulativos.
Como ficou mais barato tomar recursos no exterior, muitos bancos têm usado esse mecanismo para reforçar o caixa e emprestar mais no Brasil, minando os esforços do BC para conter o crédito.
Com o novo IOF e medidas anteriores, como aumento da taxa básica de juros, o governo acha que reduzirá o ritmo de crescimento da oferta de crédito dos atuais 21% para 13% até o fim do ano.
RISCO CAMBIAL
Até agora, apenas operações com prazo de até 90 dias pagavam 5,38% de imposto. Combinada com os juros mais baixos no exterior, a falta de tributação estimulava a captação externa.
Nas contas da equipe econômica, quem usava a artimanha terá agora que manter o dinheiro no país por nove meses para compensar a cobrança do imposto.
De janeiro até o início dessa semana, os ingressos de curto prazo no país, sem descontar as saídas, somaram US$ 38 bilhões.
Espera-se que a medida contenha o endividamento externo e reduza o risco cambial das companhias. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o IOF não afeta empréstimos para investimento, de prazo maior.
A revisão na alta dos empréstimos em 2011 também está ligada à expectativa de crescimento menor no crédito subsidiado, principalmente do BNDES, e de financiamentos habitacionais. A previsão caiu de 23% para 19%. No crédito sem subsídio, recuou de 12% para 11%
Os financiamentos bancários a empresas e consumidores somaram R$ 1,74 trilhão em março. Se a expansão menor dos empréstimos se confirmar, a relação crédito/PIB deve passar dos atuais 46,5% para inéditos 48%.
FONTE FOLHA DE S. PAULO
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