Estatais também ajudam a patrocinar festas de centrais
SÃO PAULO. De acordo com dados do Ministério do Trabalho, as seis centrais arrecadaram R$102 milhões de imposto sindical no ano passado. A cifra cresceu em média 27% ao ano desde 2008, quando as entidades repartiram R$63,4 milhões. Para líderes da Força, a CUT teme o vertiginoso crescimento da rival, que dobrou o número de sindicatos filiados em apenas um ano e abocanhou uma fatia do imposto de quase R$29 milhões neste ano - a CUT ficou com R$32 milhões. Em 2008, a diferença das cotas era de R$5 milhões. Não há prestação de contas pública sobre esses recursos.
As festas de 1º de maio são feitas com patrocínio. Ambas as festas, da CUT e das outras centrais "unificadas", são em parte custeadas por Petrobras, Eletrobrás, Caixa Econômica e Banco do Brasil, além de empresas privadas. A Petrobras bancou R$300 mil para cada lado.
A CUT defende que o financiamento ocorra exclusivamente por meio da contribuição "negocial", aquela descontada da folha após a negociação coletiva da categoria. Essa fonte, segundo as demais centrais, é considerada precária, já que é alvo constante de resistências patronais e questionamentos do Ministério Público. A contribuição obrigatória equivale a um dia de trabalho, ou cerca de 3% do salário do mês. Já a assistencial é de 10% a 12% do salário.
- A única divisão entre as centrais é essa questão do fim do imposto sindical. Achamos que é um erro da CUT, que encampa uma batalha da elite para acabar com a estrutural sindical. Terão que rever esse erro por pressão da própria base deles - disse o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força.
"Se a CUT é contra, deveria devolver", diz sindicalista
A impressão é compartilhada pelas demais centrais, que avaliam que os sindicatos filiados à CUT não concordarão com a ideia.
- Sabemos que a maioria dos sindicalistas da CUT são a favor do imposto sindical. Acho que essa ideia não terá muito fôlego - disse Wagner Gomes, presidente da CTB.
De acordo com Sebastião Soares, da Nova Central, quarta maior entidade, a CUT busca avançar no terreno deles:
- Se a CUT é contra, deveria devolver. A CUT procura ter espaço, quer crescer em cima das outras centrais.
Em seu "jornal" do 1º de maio, o presidente da CUT, Artur Henrique, provoca as demais centrais: "O que defendemos é uma forma de sustentação que passe pelo crivo dos trabalhadores. Certamente, os sindicatos representativos, que têm atuação e defendem sua base, não têm o que temer".
Segundo Juruna, da Força, não haveria problema em abrir mão do imposto, desde que a contribuição assistencial (da negociação coletiva) venha a ser protegida em legislação.
FONTE: O GLOBO
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