Por meio de José Sarney, partido cobra mais atenção do Planalto
Andréia Sadi, Márcio Falcão e Catia Seabra
BRASÍLIA - Com aval de líderes do partido, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), enviou nos últimos dias um "recado" à presidente Dilma: seu partido, o PMDB, está insatisfeito e quer mais interlocução com o Planalto.
Atritos com os peemedebistas, maior aliado do governo no Congresso, são motivo especial de preocupação para o Executivo agora devido à votação da DRU (Desvinculação das Receitas da União), que libera o gasto de 20% das receitas federais.
O aviso se deu em uma operação comandada por Sarney, que tumultuou a sessão do Senado na última quarta. Quebrando acordo, ele colocou em votação o projeto que regulamenta a chamada emenda 29, que pode aumentar substantivamente os gastos em saúde pública.
A ação pegou de surpresa e irritou Dilma.
No Planalto, também foi interpretada como um sinal de que o PMDB estaria disposto a criar dificuldades para votação da DRU, que tem de ser aprovada até o final do ano para poder se aplicada.
Congressistas afirmam que "a rebelião sarneyzista" tem como pano de fundo reforçar o espaço do partido às vésperas da reforma ministerial.
Em 2011, a sigla esteve envolvida em escândalos e teve que trocar dois ministros por suspeitas de corrupção, além de perder outro por desentendimento com Dilma.
Por sugestão do vice-presidente, Michel Temer, Dilma fez durante o ano uma rodada de almoços no Palácio do Alvorada para se aproximar dos aliados no Senado.
Mas o gesto foi pontual. No dia a dia, a presidente delegou a tarefa política a Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral).
Segundo relatos, Sarney reclama de Dilma e a compara ao ex-presidente Lula, que o recebia "de 15 em 15 dias".
Os peemedebistas tentaram minimizar o desconforto. "Não há nenhuma insatisfação", disse Sarney.
Sarney disparou telefonemas para tentar explicar o episódio de quarta. Disse que foi um mal-entendido e que teria lido o projeto na expectativa de que o líder do PT, Humberto Costa (PE), dissesse que não havia acordo para votar a proposta.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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