São grandes as chances de que a presidente
Dilma, que chegou ontem de Nova York, agende para o próximo sábado sua
participação em um ato de campanha de Haddad
Na reta final da campanha começam a ocorrer, como sempre acontece,
significativos deslocamentos do eleitorado, exceto em São Paulo, onde Celso
Russomanno mantém-se na liderança, surrando os candidatos José Serra (PSDB) e
Fernando Haddad (PT). Essa é a disputa que parece ter sofrido o impacto mais
importante do julgamento do caso mensalão pelo STF. O movimento de ascensão do
candidato petista foi interrompido a partir do início do julgamento do chamado
núcleo político do esquema do valerioduto. Entretanto, não beneficiou o
candidato do maior partido de oposição, mas Russomanno, que não é peixe nem é
carne, embora seu partido seja da base governista.
São grandes as chances de que a presidente Dilma, que chegou ontem de Nova
York, agende para o próximo sábado sua participação em um ato de campanha de
Haddad. Será sua última oportunidade de fazer isso antes do pleito. Menos
provável é sua ida a Belo Horizonte, depois que o candidato do PSB/PSDB, Marcio
Lacerda, ampliou sua vantagem em relação ao petista Patrus Ananias. É difícil,
entretanto, prever o efeito positivo que a presença dela na campanha de Haddad
teria seu desempenho.
Dilma, segundo a pesquisa CNI-Ibope, continua com a popularidade em alta.
Embora o assunto mensalão seja a notícia mais lembrada pelos entrevistados, o
índice de aprovação ao governo subiu de 59% para 62%, em sinal de que o
julgamento não respingou nela. Dilma pode estar vivendo sua fase
"tefal", aquela em que nada gruda no governante, mas a mesma proteção
que lhe dá blindagem, limita a transferência de prestígio para terceiros. No
imaginário popular, nesta fase, o governante bem avaliado paira acima das
misérias da política.
Se a disputa paulistana parece caminhar para um desfecho quase surrealista,
nos estados acontecem movimentos indicadores de que o eleitorado agora está se
definindo para valer. O PT vai particularmente mal em algumas capitais, como
Fortaleza e Recife, onde tem as prefeituras, mais por conta dos erros
pré-eleitorais do que por conta do julgamento.
Em Fortaleza, o candidato Moroni Torgan, que liderava a disputa, despencou,
segundo pesquisa Vox Populi, abrindo caminho para a subida simultânea do
petista Elmano e do socialista Ricardo Claudio, agora empatados na liderança
com algo em torno de 20 pontos porcentuais. Em Recife, há algumas semanas, o
petista Humberto Costa tinha 40 pontos e o demista Mendonça Filho, 20. Juntos,
tinham 60% de preferência. Geraldo Julio, o candidato do governador Eduardo
Campos, do PSB, tinha meros 5%. Humberto agora tem 15% e Mendoncinha, 4%.
Geraldo Julio, segundo a maioria dos institutos, aproxima-se dos 40%. Há empate
técnico neste momento em João Pessoa e em Manaus, onde devem ser fortes os
movimentos de chegada. A radicalização e a violência já levaram mais de 400
prefeituras a pedir reforços federais. As contendas locais devem ser a causa
principal, mas a radicalização no plano nacional deve estar contribuindo.
Congresso x Ministério Público
Um exemplo do avanço do Judiciário e do Ministério Público sobre as atribuições
do Congresso, tema de coluna desta semana, é o impasse que cerca a recondução
do advogado e cientista político Luiz Moreira ao Conselho Nacional do
Ministério Público. Em março, ele foi indicado pela Câmara para cumprir um
segundo mandato, embora o procurador-geral Roberto Gurgel tenha proposto o nome
do professor da PUC-SP André Ramos. Começou então a guerra. No primeiro
mandato, Moreira contrariou a nobreza do Ministério Público com algumas
iniciativas. Representou contra o secretário-executivo de Gurgel, José Abécio,
pelo fato de ocupar o cargo sem residir em Brasília, contrariando o regimento;
questionou o fato de a sede da Associação Nacional dos Procuradores da
República (ANPR) funcionar nas dependências da Procuradoria Geral da República;
e o direito dos procuradores ao vale-alimentaçao e ao plano de saúde
corportivo, alegando que a lei fixou para os procuradores um subsídio único. O
nome de Moreira foi aprovado por 359 votos na Câmara e encaminhado ao Senado.
Antes da sabatina, chegou aos senadores uma denúncia anônima com várias
acusações, mas seu nome foi aprovado. Circularam a seguir e-mails trocados
entre procuradores combinando nova estratégia para derrotá-lo no Senado. A
seguir, os senadores Pedro Taques, Pedro Simon, Alvaro Dias e José Agripino
apresentaram pedido de adiamento da votação em plenário para que alguns
procuradores pudessem ser ouvidos. Criou-se o impasse, veio o recesso e assunto
empacou, como queriam os procuradores insatisfeitos.
Algumas. Para refrescar algumas memórias: o ministro Luiz Fux tomou posse no meio do
julgamento da Lei da Ficha Limpa. Como pode acontecer com Teori Zavascki.
Quem tem indicado nomes para tribunais e colegiados, como a Comissão de
Ética Pública, é o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A presidente
debitará na conta dele a crise com Sepúlveda Pertence, que renunciou porque
teve suas indicações ignoradas.
O pior desempenho do governo Dilma, segundo a pesquisa CNI-Ibope, é na área
da Saúde: 65% negativos. Nem por isso, ela pensa em trocar o ministro Alexandre
Padilha.
Dilma já pensa em deixar para depois da eleição das Mesas do Congresso os
ajustes em seu ministério.
Fonte:
Correio Braziliense
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