Enquanto o crescimento desaponta para baixo, a inflação surpreende para
cima. O ano terminará com PIB em torno de 1%, para um IPCA na faixa de 5,5%.
Pelo quinto mês consecutivo, a inflação mensal deste ano foi maior do que a do
mesmo período de 2011. As projeções indicam que o IPCA vai acelerar para 6% até
março, mas depois voltará a cair.
Os alimentos subiram de preço de elevador e estão descendo de escada. As
passagens aéreas aumentaram 11% em novembro. Inevitável lembrar como a
desvalorização do real está batendo no custo das companhias. Os combustíveis
são importados, e o dólar mais caro não ajuda.
Outros preços também surpreenderam no mês, como a energia elétrica, que
subiu 1,28%, e os automóveis novos, que aumentaram mesmo com o IPI reduzido.
Tudo isso fez com que a inflação viesse mais salgada do que o esperado. Os
economistas previam 0,5% e deu 0,6%. Parece pouco, mas cada casa decimal conta
muito quando o assunto é manter a inflação dentro da meta.
Há outro fator pressionando a alimentação: os serviços. Comer fora de casa
está mais caro porque os restaurantes estão gastando mais com aluguéis e
salários dos funcionários. Esse custo é repassado para o preço da refeição. No
ano, a alta dos alimentos chega a 8,68%. Os serviços sobem 8,23% em 12 meses.
No acumulado do ano, os principais produtos que não pressionaram a inflação
tiveram algum tipo de ajuda do governo. É o caso de automóveis e
eletrodomésticos, que ficaram mais baratos pela queda do IPI; da gasolina,
congelada pela Petrobras; e do etanol, que teve que cair de preço para competir
com a gasolina. Sem essa mão amiga, o quadro para a inflação seria pior em 1
ponto percentual, pelas contas do professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.
Em 2013, a tendência é que esses artifícios continuem sendo utilizados. As
reduções no IPI devem ser renovadas, haverá desonerações para diminuir o custo
da cesta básica e a programada queda do preço da energia. Por isso, Luiz
Roberto Cunha prevê que mesmo que o PIB volte a crescer mais forte, para 3,5%,
o IPCA cederá um pouco, fechando em 5,23%.
Embora a inflação ainda não tenha visto o centro da meta na atual gestão do
Banco Central, também não está no radar um cenário de descontrole de preços. A
expectativa dos economistas é de que os juros não voltarão a subir e há até
quem aposte em novos cortes, com a Selic sendo reduzida para 6,25%.
Preço para baixa renda sobe mais
A inflação da baixa renda, medida pelo INPC, estourou o teto da meta em
várias capitais do país. No Brasil, a taxa acumulada em 12 meses está em 5,96%,
mas em Belém chega a 7,72%. No Rio de Janeiro, 7,18%, em Salvador, 6,89%. Já em
Brasília registra a menor variação, de 4,39%. Esse indicador tem um peso maior
dos alimentos.
Petróleo subiu 15% desde junho
Desde o último reajuste da gasolina, em 22 de junho, o preço do barril do
petróleo subiu, em média, 15%, segundo a Austin Rating. Para esse reajuste não
chegar às bombas, o governo reduziu a Cide, o imposto que incide sobre o
combustível. No período, o real também se desvalorizou. Por aí fica mais
evidente a pressão sobre o caixa da Petrobras, que importa gasolina a um preço
mais alto do que vende aqui dentro. Se o governo autorizar um reajuste de 10%,
o impacto sobre a inflação deve ser de 0,4 ponto, pelas contas da Austin. Mas o
BC afirmou em ata que o seu cenário para definir os juros não leva em conta
reajustes do combustível.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário