Tenho especial sentimento de repúdio ao culto à personalidade. Compreendo o respeito que se tenha a pessoas pela admiração que elas nos provocam quando realizam ações, sejam de ordem política, artística, cívica ou simplesmente que nos emocionam por qualquer razão. É humano e um belo tributo à pessoa, que terá seu nome inscrito na história de um povo, de uma comunidade ou na lembrança de outro ser humano.
A meu ver isso basta!
O culto à personalidade, em vida ou após a morte, quaisquer que tenham sido suas ações, isto é, a elevação de um ser humano à categoria de ser superior, significa algo mais que respeito e admiração. Significa a mediocridade do cultor, a incompreensão das limitações e das fraquezas de qualquer ser humano, a inevitabilidade de ter mostrado, em sua vida, o bom e o mal. Significa não procurar compreender situações concretas em que essa pessoa nasceu e viveu, a realidade de sua vida em sociedade, as suas relações com os demais seres e a conjuntura que lhe permitiu ser o que é, ou foi.
Via de regra, no campo da política e dos líderes políticos esse culto à personalidade se transforma em instrumento para manter e prolongar algum tipo de dominação que é exercida sobre pessoas mais simples e mais influenciáveis, em benefício de projetos políticos de poder.
Uma das primeiras experiências de minha vida política foi tomar conhecimento do mito à Stalin e da sua destruição. Acompanhei a formação de mitos, maiores ou menores, em décadas de atividades, tanto no âmbito internacional, quanto no nosso país. Lembro-me quando da visita que fiz a Moscou que me recusei – apesar da minha admiração – a ver a figura mumificada de Lenin em seu mausoléu. Não fui ver nenhum outro e não vou ver o de Hugo Chávez, elevado a mito. É esse uso político, esse culto à personalidade, que mais depõe contra os cultores e seguidores, como tem sido o culto à Lula, em vida, que tem retardado para o povo a compreensão sobre as suas dificuldades e as formas de superá-las. Só serve para emocionar mentes tacanhas e estender o poder de alguns que se dirão – como em casos semelhantes na história – os verdadeiros seguidores dos cultuados.
Alberto Goldman, ex-ministro, ex-deputado, ex-governador de S. Paulo e atual vice presidente do PSDB
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