Partido havia deixado a Esplanada dos Ministérios sob suspeita de corrupção
Assim como no caso do PDT, ida de César Borges para os Transportes visa fortalecer o projeto de reeleição da presidente
Fernanda Odilla, Natuza Nery
BRASÍLIA - Primeiro partido excluído da Esplanada na "faxina" de Dilma Rousseff em 2011, o PR recuperou ontem o Ministério dos Transportes com a escolha de César Borges para comandar a pasta.
É a segunda mudança neste ano que Dilma promove para tentar manter ao seu lado aliados para as eleições presidenciais de 2014.
Há duas semanas, ela também reabilitou ao primeiro escalão aliados do pedetista Carlos Lupi, que deixou o Ministério do Trabalho sob acusações de corrupção.
Agora, a presidente traz de volta ao governo o PR de Alfredo Nascimento, primeiro ministro a cair na chamada "faxina ética" de Dilma.
O nome de Borges foi uma imposição de Dilma ao PR, que tentou emplacar um político mais alinhado à cúpula da sigla.
Apesar disso, a legenda avalia estar contemplada com a nomeação, uma vez que foi acordado que o PR terá o poder de indicar cargos de direção e de interferir nas políticas da pasta, cujo orçamento total é de R$ 10 bilhões.
Nascimento deixou os Transportes por suspeitas de corrupção em julho de 2011, quando caíram também outros 27 funcionários da pasta. À época, ele protestou contra o termo "faxina": "Não sou lixo, meu partido não é lixo."
Naquele ano, o próprio governo capitalizou o conceito de "limpeza ética" em favor da presidente, vinculando-a à intolerância com o "malfeito", termo usado por Dilma.
Ontem, Nascimento foi o cicerone do novo ministro ao gabinete presidencial. Ele toma posse amanhã.
Desde que Nascimento deixou o cargo, Paulo Sérgio Passos assumiu a pasta. Apesar de filiado ao PR, Passos foi uma escolha "técnica" de Dilma e jamais foi considerado pelo partido como um representante seu no ministério. Dilma deve indicá-lo para a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).
Borges era tido como opção "híbrida", por ter perfil político e técnico. Dilma consultou o governador da Bahia, Jaques Wagner, antes de consumar a nomeação.
Além de ter sido governador da Bahia e senador, César Borges, 64, é engenheiro de formação e sempre teve uma atuação parlamentar ligada à infraestrutura.
Carlismo
Borges foi um aliado político do senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007). Atualmente ocupava uma vice-presidência do Banco do Brasil.
Sua missão política será unir o PR, com 34 deputados e 4 senadores, já que seu nome enfrentava resistências de parte da bancada.
Nos últimos meses, o partido ameaçava iniciar conversas com outros possíveis candidatos à Presidência, como o governador Eduardo Campos (PSB-PE). Embora a nomeação de Borges não seja garantia total de apoio do PR a Dilma em 2014, é uma sinalização importante.
A presidente fará mais mudanças de olho na reeleição. Em cerca de um mês, oficializará o vice-governador de São Paulo, Afif Domingos (PSD), para a pasta da Pequena e Micro Empresa.
O futuro ministro é próximo a Gilberto Kassab, criador do PSD, que tem dito que a nomeação não é garantia de apoio no Congresso.
Dilma pode ainda atender o PTB, que quer mais espaço.
Fonte: Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário