• Ministro da Justiça avisou sobre investigações da inteligência do órgão que apontam que procurador-geral da República pode estar sob risco
Talita Fernandes e Andreza Matais - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Um dos motivos que levaram o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a encontrar na noite desta quarta-feira, 25, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi uma alerta sobre a segurança do procurador. Segundo fontes ouvidas pelo Estado, a inteligência do Ministério da Justiça detectou que a segurança de Janot vem sendo ameaçada. Medidas adicionais de segurança foram tomadas já na manhã desta quinta-feira e também foi recomendado ao procurador que ele deixe de fazer viagens em voos comerciais para reforçar sua integridade física.
O encontro foi confirmado nesta manhã por Cardozo, que, contudo, negou ter tratado sobre os desdobramentos da Operação Lava Jato com o procurador e não mencionou as questões relacionadas à segurança do procurador. Oficialmente, o Ministério da Justiça e a Procuradoria-Geral da República não confirmam esta como a razão do encontro. É de praxe que assuntos ligados à segurança não sejam divulgados. O Estado apurou que o ministro relatou recentemente que ele próprio tem sofrido perseguições.
Segundo ele, foi discutida a criação de uma vice-procuradoria de combate à corrupção. O governo federal prepara um pacote com medidas legislativas e administrativas para endurecer a luta contra desvios públicos. Cardozo tem se encontrado com frequência com o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, para tratar do assunto. Fontes ouvidas pelo Estado dizem que o assunto ainda está em fase embrionária e que foi apenas uma temática "acessória" do encontro entre Janot e Cardozo.
O encontro não constou das agendas oficiais de nenhuma das autoridades. Ao fim de um evento com secretários de Segurança Pública do País na manhã desta quinta, Cardozo disse que a reunião já havia sido marcada há algum tempo para tratar de "medidas legislativas de combate à corrupção", uma das promessas de campanha da presidente Dilma Rousseff. "Eu estou preparando um conjunto de medidas por determinação da presidente da República acerca do enfrentamento da corrupção e uma delas, que já tinha sido objeto de uma conversa anterior com o doutor Rodrigo Janot, ao menos sinalizada, diz respeito a uma atividade comum entre o Executivo e o Ministério Público Federal", declarou o ministro.
A reunião entre Cardozo e Janot acontece menos de um mês após o ministro ter recebido advogados da construtora Odebrecht, citada no escândalo que envolve a Petrobras. Além disso, a expectativa é de que Janot envie nos próximos dias ao Supremo Tribunal Federal a lista de parlamentares que serão investigados na Operação Lava Jato. No início da semana, a previsão era de que os pedidos de abertura de inquérito ou oferta de denúncia chegassem até sexta-feira; agora, o governo começa a trabalhar com o prazo de segunda ou terça-feira, embora Janot viesse falando que pretendia concluir o trabalho da Procuradoria até o fim de fevereiro.
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