• Nove dos 27 membros ganharam doação de empreiteiras
Chico de Gois – O Globo
BRASÍLIA - A Câmara instalou ontem a CPI da Petrobras para investigar irregularidades no período entre 2005 e 2015 - governos do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff -, mas o PT mantém a intenção de estender o período de averiguação para a gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na próxima semana, o partido deve apresentar um requerimento com esse objetivo.
O primeiro dia da comissão foi marcado por polêmica. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) levantou uma questão de ordem para, valendo-se do regimento interno da Câmara, questionar o fato de os partidos nomearem parlamentares que receberam recursos de empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato. Para Valente, isso colocaria sob suspeita os trabalhos da CPI.
Um terço dos deputados indicados para integrar a CPI recebeu recursos de empreiteiras investigadas. Levantamento do GLOBO demonstra que 9 dos 27 indicados - o bloco do PMDB ainda tem de nomear outros três parlamentares - foram beneficiados por doações das empreiteiras. Os recursos foram para deputados tanto da base governista quanto da oposição.
O relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), foi quem mais recebeu. Foram R$ 962 mil de Queiroz Galvão, OAS, Toyo Setal e UTC. O presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), recebeu R$ 240 mil da Andrade Gutierrez e R$ 200 mil da Odebrecht, de forma indireta - via diretórios estadual e nacional. A questão de ordem de Valente, no entanto, foi rejeitada.
O relator da CPI, Luiz Sérgio (PT-RJ), defendeu a extensão da investigação para os mandatos tucanos. Para ele, o fato de o ex-gerente Pedro Barusco ter dito, em delação premiada, que recebeu propina de construtoras nos anos 1990, na gestão FH, justifica a inclusão da administração tucana no foco.
- A dinâmica do dia a dia da CPI é que vai ditar isso. Agora, ocorreram declarações, como a do Barusco, que afirma que muito antes do governo Lula ele já cometia esses delitos. Como ele está no foco das investigações, seria bom que ele pudesse, como delator, explicar como se deu isso anteriormente ao governo atual - declarou.
Luiz Sérgio, como outros petistas, disse que o problema na Petrobras tem que ser visto sob a ótica do cartel internacional:
- Espero que possamos aprofundar esse debate. Não há nada mais cartelizado no mundo do que o petróleo. Nenhuma agência de risco conseguiu prever a queda do preço do barril.
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