• Ex-presidente encontra senadores aliados e do PT, ouve queixas contra Dilma, mas defende união para melhorar o cenário
Ricardo Brito, João Domingos e Vera Rosa - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem uma ação rápida do governo Dilma Rousseff, com a ajuda do PMDB, para estancar a queda da popularidade. Em café da manhã promovido pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o petista se mostrou preocupado com a batalha negativa contra o governo, afirmou que ajudará Dilma a melhorar a relação com os aliados, em especial o PMDB, e a debelar a crise econômica.
Segundo participantes da conversa, Lula fez um diagnóstico de que o governo não tem conseguido reagir à altura dos desafios. O ex-presidente falou da importância do PMDB desde seu governo e disse que era preciso mudar a correlação de forças na coalizão governista, com maior participação do partido. Na opinião de Lula, a população vive um momento de desencanto com o governo e isso precisa ser resolvido logo - para tanto, o apoio dos aliados seria fundamental.
Os peemedebistas reclamaram de falta de protagonismo na coalizão governista. Eles criticaram o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) por tirar satisfação com Michel Temer após o vice, que também é presidente do PMDB, dizer que não poderia controlar a rebelião do partido estando fora do núcleo duro do governo. Lula defendeu a inclusão de Temer no restrito grupo e citou a participação de seu vice, José Alencar, nas decisões de sua gestão.
Queixume. O encontro de Lula com os peemedebistas teve participação de petistas como o senador Delcídio Amaral (MS), que na noite anterior estava em jantar do ex-presidente com a bancada do partido no Senado. Nos dois eventos, Lula ouviu queixas em relação ao governo - mais intensas por parte do PMDB que do PT, segundo Delcídio.
No jantar, na casa do senador Jorge Vianna (PT-AC), Lula criticou a estratégia de comunicação do governo sobre o ajuste fiscal. Para ele, faltou explicar à população qual o objetivo do "sacrifício" com as mudanças em benefícios trabalhistas e previdenciários. Os senadores petistas indicaram que nem todos estão dispostos a perder apoio em suas bases sociais para votar a favor das propostas de Dilma.
Lula também ouviu queixas sobre o estilo centralizador da sucessora e sobre a articulação política do Planalto. "Ali, só quem entende de política é o (ministro da Defesa) Jaques Wagner", disse o ex-presidente, segundo um participante do jantar. Lula animou a plateia ao lembrar que pode ser candidato em 2018. Dos 12 senadores petistas, só não estavam presentes Ângela Portela (RR), doente, e Marta Suplicy (SP), de saída do partido.
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