Valor Econômico
SÃO PAULO, BRASÍLIA E RIO - As notícias são boas, mas não permitem enxergar longe. A economia ensaia a recuperação, mas a geração de empregos vai demorar um pouco mais para ocorrer. A retomada da atividade é cíclica, oriunda da grande capacidade ociosa acumulada na maior recessão de que se tem informação no país. Daí, a se transformar em um ambiente onde os investimentos serão os protagonistas do crescimento, vai uma distância considerável.
Essas são conclusões a que se pode chegar a partir da leitura das reportagens do caderno especial "Rumos da Economia", que o Valor publica hoje para comemorar seu 17º aniversário.
A recuperação pode ganhar força nos próximos meses, terminando 2017 a um ritmo anualizado de expansão de 2,5%. A perspectiva de queda dos juros e de aprovação da reforma da Previdência, ainda que um pouco diluída, amparam esse cenário, que segue sujeito a incertezas, como destacam os economistas Armando Castelar, Daniel Leichsenring e Luiz Carlos Mendonça de Barros. A convite do Valor, eles participaram de um debate sobre as perspectivas para a economia brasileira nos próximos anos.
Leichenring, economista-chefe da Verde Asset Management, considera que há o risco de haver uma retomada sem expansão firme do emprego. "A queda da produção foi muito mais expressiva do que a queda do volume de emprego", diz. Assim, as empresas podem demorar para contratar num ritmo mais forte.
Coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Castelar pondera que, se o mercado de trabalho reagir, será possível chegar às eleições do ano que vem com alguma tranquilidade. Mas ele vê o pleito de 2018 e a situação fiscal como duas das grandes "armadilhas" nesse cenário razoavelmente positivo. Ex-ministro das Comunicações, Mendonça de Barros considera possível um crescimento de até 3,5% a 4% em 2018. Acredita que a recuperação cíclica da atividade, em um ambiente de grande ociosidade, abre espaço para uma expansão mais forte.
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