- Folha de S. Paulo
Para um presidente que diz acreditar não ter cometido nem um mísero erro em sua gestão, apenas "corajosos" e "ousados" acertos, é devastador o cenário aferido pelo Datafolha nas ruas do país.
Prestes a completar um ano no comando do governo, Michel Temer desponta como uma Geni da política seja lá qual for o ângulo escolhido.
Como suposto candidato a outro mandato, tem 2%, em empate técnico com notáveis como Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSOL), e perto do "1% vagabundo", como canta Wesley Safadão -à diferença de que, nesse caso, ninguém parece gostar. As reformas com as quais pretende impulsionar a economia são mal avaliadas. E o índice de insatisfação com seu governo é próximo aos de Collor (1992) e Dilma (2016) quando ambos estavam na iminência de perder o mandato.
A diferença é que Temer conta, por ora, com o amparo do Congresso, ele também em maus lençóis —58% dos eleitores acham ruim ou péssima a atuação de deputados e senadores, pior número da história.
Mas esse apoio, sustentado pelos contrários à volta da centro-esquerda ao poder, tem prazo de validade. Falta menos de um ano e meio para as eleições de presidente, governadores, Senado, Câmara e Assembleias, uma disputa cuja largada pra valer se dará nos próximos meses.
É antiga a história de que políticos ficam ao lado de colegas caídos em desgraça até a beira do precipício, mas nunca pulam junto no abismo. Se Temer propaga desapego à popularidade, fala por si só.
As principais esperanças para segurar de pé a pinguela —como Fernando Henrique Cardoso definiu a atual gestão— são aprovar as reformas e esperar uma possível retomada cíclica da economia. Além de cometer acertos ousados e corajosos mais na prática do que na retórica.
As recentes rebeliões de aliados na Câmara, algumas revertidas na base da ameaça, mostram que o cronômetro ameaça perigosamente a estabilidade da pinguela palaciana.
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