Júnia Gama, Cristiane Jungblut, O Globo
-BRASÍLIA- Um mês após a apresentação de vários pedidos de impeachment contra o presidente Michel Temer a partir da divulgação da delação da JBS, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda não se posicionou sobre nenhum deles. A oposição cobra uma resposta de Maia, que é o responsável por dar continuidade ou arquivar os pedidos, e já promete inclusive ir ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Dos 23 pedidos de impeachment já apresentados contra Temer desde o início de seu governo, apenas um foi arquivado. Dos outros, 19 são relacionados à delação da JBS e três haviam sido apresentados após a saída de Geddel Vieira Lima da Secretaria de Governo, em novembro.
Segundo aliados, Maia vai aguardar a apreciação da Câmara sobre a denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar na próxima semana contra Temer para se pronunciar sobre os pedidos de impeachment. De acordo com um interlocutor, Maia espera que a denúncia seja recusada e quer ter esse argumento para poder negar a tramitação dos pedidos.
CASO PODE CHEGAR AO STF
O primeiro pedido de impeachment foi protocolado pelo deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), que está irritado com a demora de Maia em tratar do assunto. Molon afirma que, na próxima semana, entrará com mandado de segurança junto ao STF pedindo que a Corte determine ao presidente da Câmara a tomada de uma decisão.
Molon apresentou o pedido de impeachment em 17 de maio, após O GLOBO revelar que Temer foi gravado pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS. O deputado considera “grave” o fato de Maia não ter deliberado ainda sobre o pedido e o acusa de proteger Temer.
— É muito grave não haver uma decisão, porque me impede, inclusive, de recorrer da decisão dele. O país está à deriva, e o presidente da Câmara, para proteger Michel Temer e dar estabilidade ao governo, impede o andamento do processo. Na próxima semana vou entrar com o mandado de segurança no Supremo pedindo que Maia se posicione. Essa demora agrava a crise política e econômica. O governo não governa e só pensa no que fazer para evitar a prisão do presidente — criticou Molon.
O líder do PT, Carlos Zarattini (SP), diz que seu partido, também autor de pedido de impeachment, continuará a pressionar para que Maia tome uma decisão. Mas, o petista salienta que Temer também deverá enfrentar a denúncia de Janot, que, segundo ele, tem tramitação mais célere que o impeachment e trará resultados semelhantes.
— Estamos pressionando para que ele tome uma posição. Mas há também fatos novos, como a decisão da PGR de apresentar denúncia, que tem um trâmite muito mais rápido que o pedido de impeachment. E, com a declaração do ex-presidente Fernando Henrique de antecipação das eleições, vai criando clima favorável para definir isto logo — afirma Zarattini.
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