- O Globo
O IBC-Br de maio veio negativo em 0,5%, frustrando as previsões de leve crescimento. O dado reforçou o temor de que o PIB vai cair no segundo trimestre, após o forte crescimento de 1% no primeiro trimestre. O papelão ondulado, um indicador sempre olhado porque mostra a tendência, fechou o semestre com alta. É possível achar dados positivos, mas eles são poucos, magros e instáveis.
Amaioria dos economistas previa que o IBC-Br de maio seria de alta, a média era de 0,2% positivo, por isso a queda ontem foi tão frustrante. O número tão comemorado do primeiro tri não foi tão bom quanto parece, porque foi concentrado na agricultura. A possível queda do segundo tri pode ter dados positivos nos serviços e na indústria.
O país está nesse vai não vai. A política encobre o horizonte. Na leitura atenta dos números é possível ver algum alívio, mas certeza de recuperação ninguém tem. A principal característica do momento atual da economia é a oscilação grande nos indicadores.
A Instituição Fiscal Independente do Senado projeta queda de 0,3% no PIB do segundo trimestre. Esse é o mesmo número do Departamento de Estudos Econômicos do Bradesco e da Tendências Consultoria. O Bradesco já chegou a prever queda de 0,8%, mas melhorou um pouco o dado após o resultado positivo da indústria. A MB Associados estima uma leve queda, mas não descarta um número positivo.
O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, nota que os indicadores de confiança caíram após o agravamento da crise política, mas uma queda pequena. Tanto que o índice está bem acima do que estava há um ano. Com isso, ele continua acreditando em um cenário de recuperação:
— Prevalece a sensação de que o ciclo é positivo. Os empresários e consumidores estão olhando para frente e percebendo que o pior ficou para trás e que há uma demanda reprimida. Isso segura a economia, mesmo com a crise política.
Sérgio Vale mostra um gráfico com o emprego formal no país acumulado em 12 meses. Os números são negativos, mas a curva é ascendente. Isso quer dizer que os dados deste ano estão sempre melhores do que os dos mesmos meses do ano passado. Ele acredita que 2017 pode terminar com saldo positivo nos empregos formais e cita outros indicadores.
— A renda tem tido melhora gradativa porque a inflação está muito baixa e os juros estão em queda. A exportação está ajudando e até a importação deu sinais de melhora. A indústria automobilística está com bons números e tem peso grande. A agricultura movimenta 20% do PIB, com seus efeitos indiretos, e a safra está muito boa.
A presidente da Associação Brasileira de Papelão Ondulado, Gabriella Michelucci, conta que o setor fechou o primeiro semestre com alta de 3,2% sobre o mesmo período de 2016. O papelão é um termômetro importante porque é considerado um indicador antecedente de atividade, “a embalagem das embalagens”.
— A nossa projeção deste ano foi revista de 0,7% para 2,5%. Temos observado aumento das encomendas para o segmento de alimentação, o que pode ter relação com a estabilidade da renda. No auge da crise, até os itens essenciais foram cortados. Mas ainda não vemos os mesmos sinais nos bens duráveis, que dependem mais de confiança e de crédito — afirmou.
Bruno Levi, da Tendências, diz que a consultoria não vai revisar seu número por causa do IBC-Br. Ele aposta na alta da indústria pelo segundo trimestre seguido e na volta dos serviços ao azul depois de mais de dois anos. A economia está assim: não engrenou, mas tem resistido ao choque político.
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