A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou ao STF o deputado federal Jair Bolsonaro (PSLRJ) por prática de racismo. Se condenado, ele pode pegar até 3 anos de prisão.
Dodge denuncia Bolsonaro ao Supremo por racismo
Em palestra na Hebraica, no Rio, deputado disse que moradores de quilombo ‘nem para procriar servem mais’
Daniel Gullino | O Globo
BRASÍLIA - A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou ontem uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado federal e pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL-RJ) por racismo. Um dos filhos de Jair, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), foi denunciado, em outro processo, por ameaçar uma jornalista.
A acusação contra Jair Bolsonaro foi baseada em uma palestra que ele deu no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, em abril do ano passado. Para Dodge, o deputado demonstrou preconceito contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs.
Uma das frases questionadas é a que ele diz que visitou um quilombo e que os moradores de lá “não fazem nada” e “nem para procriador servem mais”. A procuradora-geral considerou essa declaração “inaceitável”.
Pela mesma declaração, o deputado já foi condenado, pela Justiça Federal do Rio de Janeiro, a pagar R$ 50 mil como indenização.
Dodge classificou a conduta de Bolsonaro como “severamente reprovável” e afirmou que ele “atingiu valores e princípios fundamentais da República Federativa do Brasil”. A procuradora-geral pede que Jair Bolsonaro pague multa de R$ 400 mil, por danos morais. Caso condenado, ele pode pegar de um a três anos de prisão.
Já Eduardo Bolsonaro é acusado de ter afirmado que iria “acabar com a vida” da jornalista Patrícia Lélis, por meio de mensagens enviadas pelo aplicativo Telegram.
“Se você falar mais alguma coisa, eu acabo com a sua vida”, escreveu ele. Quando ela questionou se aquilo era uma ameaça, ele respondeu: “Entenda como quiser” . Depois, acrescentou: “Mais uma palavra e eu vou pessoalmente atrás de você”.
Patrícia Lélis apresentou queixa contra o parlamentar na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher de Brasília e mostrou reproduções das mensagens. As imagens indicam que a opção de deletar os textos automaticamente, depois de cinco segundos, foi ativada pelo interlocutor.
MENSAGENS APAGADAS
De acordo com Dodge, isso indica “que o denunciado teve a preocupação em não deixar rastro das ameças dirigidas à vítima”.
O número que apareceu nas imagens como responsável por enviar as mensagens pertence a Eduardo Bolsonaro, segundo informou à PGR a operadora responsável.
No caso de Eduardo, a pena prevista é de um a seis meses de detenção, que pode ser cumprida nos regimes semiaberto e aberto. Dodge apresentou a proposta de um acordo, para substituir a pena por medidas alternativas.
O GLOBO procurou a assessoria dos dois parlamentares, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.
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