Em compromisso de campanha em SP, presidenciável contestou texto publicado neste domingo
Thais Bilenky | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O candidato Geraldo Alckmin (PSDB) contestou reportagem da Folha que mostrou que desapropriações em seu governo beneficiaram familiares.
"É duro", disse em caminhada em Campo Limpo, zona sul de São Paulo, neste domingo (16). "É triste saber que jornalismo é feito dessa forma."
Para o candidato, "é uma das matérias mais injustas e inverídicas" que já viu. "É vergonhoso a Folha de S.Paulo fazer isso."
"Nenhum parente meu tem propriedade naquela região. Um sobrinho da Lu [sua mulher] foi casado, não é mais, com uma moça em separação completa de bens. A família dessa moça é que tinha lá propriedade", disse.
Governador de São Paulo por quatro vezes, o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) assinou dois decretos que levaram a desapropriações de terrenos envolvendo familiares.
As medidas, editadas em 2013 e 2014, mencionam como proprietários Othon Cesar Ribeiro, sobrinho do tucano, e Juliana Fachada Cesar Ribeiro, hoje sua ex-mulher e mãe de seus quatro filhos, para a construção de uma polêmica rodovia em São Roque, a 70 km da capital paulista. Os decretos resultaram em ações judiciais de desapropriação.
Othon é filho de Adhemar Ribeiro (irmão da ex-primeira dama Lu), cunhado de Alckmin citado em delações como arrecadador de caixa dois para campanhas do candidato.
Além de aparecer nos decretos, o sobrinho é também parte em um dos processos de desapropriação na Justiça que começou a tramitar em 2014.
Ele chegou a se apresentar pessoalmente em juízo ao lado da então mulher para tratar do assunto. Depois, em 2015, entrou com um pedido para ser retirado, alegando ser parte ilegítima pelo fato, segundo ele, de Juliana ser a proprietária e por eles serem, na época, casados no regime de separação total de bens. O juiz, porém, não o excluiu.
Alckmin afirmou que o "governo não pagou um único centavo. Quem paga é a concessionária. O valor é estabelecido pela Justiça. É distorcer muito os fatos para conseguir uma manchete.".
O tucano afirmou ainda que não subirá o tom para atrair eleitores hoje simpáticos a Jair Bolsonaro (PSL).
Ele fez uma caminhada de 600 metros no Campo Limpo cercado de apoiadores e uma claque paga. Comeu pastel na feira e seguiu para um mutirão beneficente no Capão Redondo.
A região periférica na zona sul da capital paulista é citada em discursos sobre segurança pública por Alckmin. Violenta, viu índices de homicídio caírem em seu governo.
No mutirão, mediu a pressão. Deu 12 por 8, normal. Na política, porém, a pressão está alta. Aliados defendem que o candidato suba o tom da campanha para atrair o voto antipetista, que flerta com Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas.
“Eu não vou fazer a campanha em função de questões do momento”, rebateu.
“Não é com populismo nem de esquerda nem de direita que o Brasil vai recuperar a economia. Vamos recuperar a economia com grande ajuste fiscal, que traga confiança e investimento e emprego. Nós sabemos fazer isso porque já fizemos aqui em São Paulo”, disse.
“Vamos com confiança, sem estresse.”
Com 9% de intenção de voto, segundo o Datafolha, o ex-governador paulista disse que “a definição de voto é na chegada, vai ser agora, nesses 20 dias”.
“Uma parte do eleitorado está votando no Bolsonaro para derrotar o PT. Mas pode ser o inverso. Pode ser um passaporte para a volta do PT. Porque no segundo turno [Bolsonaro] perde pro PT, pra Marina, pro Ciro, pro Geraldo.”
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