- O Globo
Eleito com a promessa de combater a corrupção, Bolsonaro passa a ter mais um aliado sob suspeita. A operação no Senado também atrapalha o seu plano de trocar o diretor da PF
A operação da Polícia Federal no Senado criou novos problemas para Jair Bolsonaro. Eleito com a promessa de combater a corrupção, o presidente passa a ter mais um aliado em apuros. Líder do governo, Fernando Bezerra Coelho é suspeito de embolsar R$ 5,5 milhões de empreiteiras.
A ação também complica os planos de Bolsonaro para a PF. O presidente queria derrubar o diretor-geral Maurício Valeixo, escolhido por Sergio Moro. Agora uma troca no curto prazo seria vista como retaliação. Há quem acredite em coincidências, mas o efeito prático das buscas é que o ministro voltou a encurralar o chefe.
O presidente do Senado liderou uma reação corporativa em defesa de Bezerra. Apesar de ter sido avisado por Moro, Davi Alcolumbre se disse “perplexo” com o que definiu como uma “drástica interferência” no Legislativo. Ele fez questão de elogiar o colega suspeito de receber propina. “O Fernando é muito bom”, afirmou.
Em evento promovido pelo GLOBO e pelo Valor Econômico, Alcolumbre buscou se apresentar como um defensor do Supremo. Ele voltou a dizer que não vai instalar a chamada CPI da Lava-Toga, proposta por senadores bolsonaristas. Em seguida, sugeriu que a decisão de Barroso seria uma injustiça “diante de tudo o que o Senado tem feito”. O ministro não pareceu se comover com o queixume.
O Planalto informou que Bezerra continua no cargo. Sua sobrevida poderá ser curta, a depender do resultado das buscas de ontem. Ao autorizar a operação, Barroso afirmou que a PF já reuniu “diversos elementos de prova” contra o senador. Citou comprovantes bancários e notas frias ligadas às obras de transposição do Rio São Francisco.
Filiado ao MDB, Bezerra é um símbolo da velha política que Bolsonaro prometia extirpar. Antes de servir ao capitão, foi ministro de Dilma Rousseff e escudeiro de Michel Temer. A exemplo do chefe, ele tem três filhos pendurados em cargos públicos: um deputado federal, um deputado estadual e um prefeito.
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