Jair
Bolsonaro é tetra. Eleito com discurso moralista, o presidente já tinha três
filhos sob investigação. Agora vê o quarto, Jair Renan, entrar na mira da
Polícia Federal.
Aos
22 anos, o caçula da família virou alvo de inquérito por suspeita de tráfico de
influência. Ele tem usado o sobrenome para abrir portas em Brasília. Circula
com empresários, recebe presentes e se reúne com autoridades fora da agenda
oficial.
Em
agosto passado, o Zero Quatro esteve com o secretário especial da Cultura,
Mario Frias. O jovem disse ter tratado de interesses do setor de games. Dois
meses depois, seu pai reduziu as alíquotas do IPI sobre jogos eletrônicos. Na
contramão do aperto fiscal, a União abriu mão de arrecadar cerca de R$ 80
milhões até 2022.
Em novembro, Jair Renan levou empresários ao gabinete do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. O grupo queria apresentar um projeto de habitação popular a ser financiado pelo governo. A pasta informou que o Zero Quatro esteve no encontro “na qualidade de ouvinte”.
Ao
que tudo indica, um ouvinte bem remunerado. Reportagem do GLOBO revelou que a
empresa presenteou Jair Renan com um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil. A
firma ainda doou placas de granito para o escritório da Bolsonaro Jr. Eventos e
Mídia, registrada em nome do caçula do presidente.
A
troca de favores também marcou a inauguração do negócio de Jair Renan. A “Folha
de S.Paulo” mostrou que a Astronauta Filmes registrou a festa sem cobrar pelo
serviço. Em 2020, a produtora recebeu ao menos R$ 1,4 milhão dos cofres
federais.
O
advogado do clã, Frederick Wassef, nega qualquer irregularidade. No ano
passado, ele negou ter escondido Fabrício Queiroz na sua chácara em Atibaia.
A
abertura de inquérito na PF faz de Jair Renan o quarto filho do presidente sob
investigação. Flávio Bolsonaro, o Zero Um, já foi denunciado por peculato,
lavagem de dinheiro e organização criminosa. Carlos, o Zero Dois, é suspeito de
reproduzir o esquema da rachadinha na Câmara Municipal. Eduardo, o Zero Três, é
alvo de uma apuração preliminar da Procuradoria-Geral da República pela compra
de imóveis com dinheiro vivo.
Os
quatro casos têm a marca do patriarca da família. Bolsonaro ensinou os filhos
mais velhos a transformar a atividade parlamentar num negócio lucrativo. Em 28
anos na Câmara, ele também nomeou funcionários fantasmas e engordou o
patrimônio com transações em espécie. No caso de Jair Renan, a lição foi pelo
exemplo. O caçula ainda não entrou na política, mas já ganha dinheiro com o
nome do pai.
O
mundo de Guedes
É comovente o esforço de Paulo Guedes para se eximir de responsabilidade pela combinação de inflação, recessão e aumento da pobreza. Em entrevista ao jornal espanhol “El Mundo”, o ministro culpou a oposição pelo derretimento da moeda brasileira. Disse que há uma campanha orquestrada para manchar a imagem do país no exterior. No Chile de Pinochet, onde ele viveu nos anos 80, o governo não precisava se preocupar com essas coisas.
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