Na
disputa pela Presidência, em 2022, Bolsonaro e Lula estão tecnicamente
empatados, com o petista numericamente à frente, com 29% das intenções de voto
e o presidente, com 28%
Por Cristiane Agostine e Lilian Venturini / Valor Econômico
SÃO
PAULO - Com o recrudescimento da pandemia no país, a desaprovação à forma como
o presidente Jair Bolsonaro administra o Brasil bateu recorde e chegou a 60% da
população, segundo pesquisa XP/Ipespe divulgada ontem.
A
desaprovação segue a tendência de crescimento. No fim do ano passado, em
dezembro, 46% aprovavam a forma de Bolsonaro governar e 45% reprovavam. A
aprovação caiu nos meses seguintes e chegou a 33% no fim de março. O período
coincide com o fim do auxílio emergencial, em dezembro. O pagamento das
parcelas será retomado hoje.
A rejeição ao governo também segue trajetória ascendente. Em apenas seis meses, o percentual da população que avalia o governo como “ruim ou péssimo” saltou de 31% para 48%. Já a avaliação de que o governo é “ótimo ou bom” foi de 39% para 27%. De acordo com a pesquisa, 24% avaliam a gestão como “regular”.
A
avaliação negativa do governo aproxima-se do pior resultado registrado pela
XP/Ipespe na gestão Bolsonaro, de maio de 2020, quando o “ruim ou péssimo”
chegou a 50%.
A
trajetória de avaliação negativa, com tendência de alta reforçada a partir de
dezembro, coincide com a piora da crise sanitária. Há aumento do número de
casos e mortes por covid-19, e o ritmo de vacinação está aquém do necessário
para conter a pandemia. Até ontem, mais de 332,7 mil pessoas morreram no país.
A
avaliação sobre a atuação do presidente no combate ao coronavírus oscilou
dentro da margem de erro da pesquisa, de 3,2 pontos percentuais, para mais ou
para menos. Agora 21% acham “ótima e boa”, ante 18% na pesquisa anterior, do
início de março. Consideram “ruim ou péssima” 58%, contra 61% no mês passado -
foi o pior resultado desde março de 2020. O percentual de “regular” oscilou de
18% para 19%.
Neste
ano aumentou também o percentual de quem diz ter muito medo da pandemia: eram
49% em março ante 55% agora - índice mais alto desde fevereiro de 2020.
O
instituto perguntou aos 1 mil entrevistados para a pesquisa sobre o cenário
eleitoral de 2022. A um ano e meio da disputa presidencial, Bolsonaro e o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão tecnicamente empatados. Lula está
numericamente à frente, com 29% das intenções de voto e Bolsonaro, com 28%. Em
março, Lula tinha 25%, e Bolsonaro, 27%.
Na
sequência, aparecem os ex-ministros Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (sem
partido), com 9%. O apresentador Luciano Huck (sem partido) tem 5%. Ex-candidato
à Presidência pelo Psol, Guilherme Boulos tem 3%. O governador de São Paulo,
João Doria (PSDB), tem 3%, mesmo percentual do ex-ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta (DEM).
Dos
entrevistados, 12% não responderam ou declararam voto em branco ou nulo. Em um
eventual segundo turno, Lula também está numericamente à frente de Bolsonaro,
com 42% a 38%. Na pesquisa de março, Bolsonaro tinha 41% e Lula, 40%.
Em
outros cenários testados, Bolsonaro empata com Moro, ambos com 30%, e com Ciro,
ambos com 38%. Contra Huck, o presidente teria 35% a 32% - empate técnico.
Bolsonaro venceria Boulos por 38% a 30%, e Doria, por 37% a 30%.
Lula está numericamente à frente de Moro, por 41% a 36%, mas os dois estão empatados dentro da margem de erro. A pesquisa não testou um cenário entre o petista e Ciro, ou Doria ou Huck.
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