- Folha de S. Paulo
Não
é a liberdade religiosa que está em jogo, mas a vida dos brasileiros
A
decisão do ministro do STF Kassio
Nunes Marques a favor dos cultos religiosos presenciais sabota os
esforços de prefeitos e governadores para controlar a pandemia, agride a
ciência, empurra mais brasileiros para o cemitério e desrespeita o sacrifício
dos profissionais de saúde, que estão trabalhando no limite da exaustão física,
mental e emocional.
Reportagem
da revista Piauí (edição 169) revela o intenso lobby da Anajure para emplacar
em cargos importantes do poder público defensores da sua agenda cristã
ultraconservadora. A associação trabalhou, por exemplo, pelos nomes do
procurador-geral da República, Augusto Aras, do defensor público-geral federal,
Daniel de Macedo, e do ministro da Educação, Milton Ribeiro, também pastor e
apologista da "vara da disciplina" para corrigir os filhos.
A
Anajure parece ter obsessão com o tema. Recentemente, saiu em defesa de uma
escritora que tivera um livro proibido pela Justiça por preconizar castigos
físicos na educação das crianças. Outras fixações são o aborto e a
"ideologia de gênero".
Nesta quarta-feira (7), o plenário do STF decidirá sobre cultos e missas presenciais ou virtuais. Espera-se que recoloque a questão em sua real dimensão, afastando da discussão qualquer traço de fanatismo. Não é a liberdade religiosa que está em jogo, mas a vida dos brasileiros.
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