Ex-governador de SP, que deve ser candidato a vice do petista, busca incluir discurso crítico à burocracia do estado
Sérgio Roxo / O Globo
SÃO PAULO — O ex-governador de São Paulo
Geraldo Alckmin (PSB) quer incluir a pauta da desburocratização — tema clássico
da agenda econômica liberal e também explorado pelo governo Bolsonaro — no
programa de governo da chapa encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). Nas próximas semanas, ele deve apresentar as suas propostas para a
equipe liderada pelo ex-ministro
Aloizio Mercadante, escalado para coordenar o documento, e o tema deve
estar em destaque.
Na carta na qual indicou
Alckmin para o posto de vice, apresentada na sexta-feira da semana passada,
o PSB pedia participação na elaboração do programa de governo da candidatura.
Os representantes do partido de Alckmin que participarão da elaboração das propostas
devem ser indicados nos próximos dias.
Em evento no último sábado da
pré-candidatura de Márcio França (PSB) ao governo de São Paulo, Alckmin revelou
a sua intenção de levar o tema da desburocratização para a campanha
presidencial. O ex-governador disse que o país tem “burocracia permanente”, o
que eleva o “custo Brasil”:
— Eu pretendo incluir isso na agenda de competitividade do Brasil: desburocratizar. Temos uma cultura cartorial, de criar regra, lei e norma para alguém cumprir e gastar dinheiro.
Como exemplo, citou a exigência de troca de
extintores nos veículos. Falou também da experiência do economista Pérsio
Arida, que foi seu assessor para assuntos econômicos na campanha presidencial
de 2018, que abriu uma empresa na Inglaterra apenas com uma conta em
banco. Arida teve um encontro com Mercadante, no mês passado, mas não há
perspectiva, por enquanto, de que ele participe das discussões sobre o programa
de governo.
No mesmo evento de sábado, Alckmin também
disse que o país sofre com “violência e miséria”. Ele falou da necessidade de
acelerar o crescimento da economia e criticou com veemência a carga tributária
regressiva do país, que faz com que os pobres paguem, proporcionalmente, mais
imposto do que os ricos:
— É tudo em cima de consumo. Nos Estados
Unidos, a taxa sobre o consumo é de 20% e aqui é de 50%.
Ao tocar no tema, elogiou Lula:
— O que o Lula fala? ‘Vou pôr o rico e o
pobre no orçamento’. Isso é civilizatório
O presidente do PSB, Carlos Siqueira,
afirmou que ainda não discutiu com Alckmin as propostas que serão apresentadas
pelo partido às discussões do programa de governo da eleição presidencial.
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