sexta-feira, 29 de abril de 2022

Alexa Salomão: Direita tem dever de casa para votar

Folha de S. Paulo

Vários eleitos se mostraram inadequados a cargos públicos

O governo Bolsonaro e seus aliados seriam os porta-vozes da direita brasileira, sufocada pela social-democracia de esquerda que se apoderou do Estado com o fim da ditadura militar. Justo. Pelo voto na urna, todas as correntes têm direito à representação, mas devem monitorar o eleito. Vejamos alguns.

No Rio de Janeiro, a direita fez do ex-PM Gabriel Monteiro o terceiro vereador mais votado, pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Agora, enfrenta um processo de cassação diante de uma série de denúncias, entre elas gravar intimidades com menores e postar nas redes sociais. Numa delas, faz sexo com uma jovem de 15 anos, em outra, acaricia uma criança de 10 anos. Monteiro declara ser alvo de calúnia e perseguição.

Outro exemplo é o, agora, ex-deputado estadual de São Paulo, Arthur do Val (União Brasil), egresso do MBL (Movimento Brasil Livre). Em áudios gravados e distribuídos pelo próprio, em visita à Ucrânia já em guerra, ele fala das belas mulheres locais como se estivesse no camarote de uma balada no Itaim Bibi, bairro da elite paulistana. Com a iminência da cassação, renunciou se dizendo vítima política.

A ativista de Twitter, a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) protagonizou tantas controvérsias que não há espaço aqui para citar. É ilustrativo que tenha sido alvo de inquérito da Procuradoria-Geral da República pelo crime de racismo. À Polícia Federal, ela disse que fez apenas uma piada ao postar fotos dos ex-ministros Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta, com os rostos pintados de preto, sugerindo que entrassem no trainee para negros do Magazine Luiza.

E o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ)? Bombado nas redes, convocou invasões ao Supremo, para tirar ministros na porrada e jogá-los na lixeira. Depois, fugiu da responsabilidade criminal —ex-PM, ele sabe que é crime o que fez. Esconde-se atrás de uma pseudoliberdade expressão, com a graça do presidente.

Em defesa da civilidade nacional, o eleitor de direita precisa fazer o dever de casa para voltar às urnas.

 

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