O Globo
Cidadão comum vive na cidade. Sua vida é a
rua onde mora, seu território e sua percepção
A violência novamente dominou as preocupações
dos brasileiros. E, se dermos uma volta no país, veremos que, grosso modo, os
recursos têm sido destinados à construção de prisões (o Brasil já é a terceira
população carcerária mundial). Prende-se muito e de maneira que não produz
resultados efetivos na redução dos índices.
Munição, armamentos, efetivo, viatura e prisões têm sido o cardápio diante de uma população apavorada e de gestores acuados ante o avanço de grupos armados dominando territórios, estabelecendo gestão acima e contra o Estado democrático. Os gastos são imensos nesse aspecto, gastos não submetidos à avaliação da sociedade sobre eficácia.
Não se pode abrir mão da ideia do Estado como
detentor do monopólio da força. Mas o falso pensamento de que a infinidade de
problemas da sociedade será resolvida apenas com mais polícia tem sacrificado
milhares de trabalhadores da segurança pública, que se desdobram de todos os
modos para dar conta do serviço e — como eles próprios dizem no jargão policial
— continuam enxugando gelo.
É equivocado o entendimento de que segurança
é obrigação do estado, ente estadual, e não de Estado. Pouco levado a sério ou
pensado como parceiro estratégico, tem sobrado na composição de uma frente
possível para melhorar a sensação de segurança nas cidades.
É preciso envolver o município na questão,
pois o cidadão comum, apavorado com a violência, a maioria da sociedade, não
vive no estado, ele vive na cidade. Sua vida é a rua onde mora, seu território
e sua percepção. É seu cotidiano, e, nesse caso, a falta de integração entre os
entes deixa a população desorientada e desamparada.
Vários elementos impedem que isso ocorra. As
disputas políticas locais são gravíssimas. Os gestores, em nome de seus feudos
eleitorais e de suas disputas, sacrificam a execução de políticas públicas
obrigatórias. A população fica à mercê da conveniência das arenas eleitorais,
sem nenhuma segurança jurídica que garanta que o Estado/poder público não se
omita de suas obrigações.
Nas eleições municipais que se aproximam, a
segurança pública pedirá seu espaço no debate e cobrará dos candidatos e
candidatas respostas às angústias diárias que atingem a vida de milhões de
pessoas nas cidades.
Veremos que candidatos conseguiram convencer
a população de que sabem operar essa articulação de políticas sociais e ações
de segurança, de produzir uma relação institucional e de conseguir dialogar com
entes federados, estados e União, para garantir integração de políticas,
participação da sociedade e definição de tarefas que cabem a cada um. Como os
tributos arrecadados são públicos, deveriam seguir uma isenção e cumprir o
pacto, pois a sociedade faz escolhas eleitorais, mas causas e demandas são perenes.
Gestores e candidatos são passageiros; os desafios que o Brasil enfrenta,
permanentes.
A eleição municipal ocorrerá num período mais
desafiador e necessário, pois politicamente o clima está radicalizado. As
questões sociais, apesar dos sinais de melhora, ainda estão distantes do
razoável (já nem considero o perfeito...). Que possamos, organizações e
lideranças, exercitar nosso papel de influência e capacidade de pautar o
ambiente político, e não sermos pautado por ele. Eis o desafio.
Um comentário:
Então tá. Voto distrital simples, recall, referendo; Eleição para juiz e procurador; fim da PM e CBM.
O resto sai na urina ou na orelha.
MAM
Postar um comentário