Gerson Camarotti
DEU EM O GLOBO
Abalo na economia já atinge articulações para candidatura de Dilma em 2010
BRASÍLIA. O temor de uma recessão em 2009, a partir da queda de 3,6% do PIB no último trimestre de 2008, acima do esperado, assustou não só a área econômica do governo, mas também o núcleo político. Apesar do discurso otimista, a avaliação é que o agravamento dos efeitos da crise no Brasil pode começar a afetar a popularidade do governo Lula e ter reflexos, inclusive, na sucessão presidencial de 2010. A grande aposta ainda é na capacidade de comunicação do presidente.
O consenso entre integrantes do governo, da oposição e de cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO é que, até agora, Lula segura os índices de aprovação do governo com a sua capacidade de produzir discursos otimistas. Mas já se considera que isso pode não bastar. Para analistas de pesquisas e políticos, Lula tem conseguido passar a imagem de que o governo age para enfrentar os efeitos da crise internacional. Agora precisará mostrar as ações, de fato.
"Esse é o momento mais grave da crise", diz Múcio
A discussão no governo é sobre como evitar que a crise tenha forte impacto na popularidade de Lula, mas, principalmente, na aprovação do governo. Com o Planalto atingido, será mais difícil a transferência de votos para a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do presidente para 2010.
- Os meses de janeiro, fevereiro e março são emblemáticos. Esse é o momento mais grave da crise. Agora, as pessoas sabem que o presidente está atuando para amenizar os efeitos da turbulência internacional, aqui no Brasil. Isso será levado em conta pela população - afirmou o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro.
Na opinião de analistas eleitorais, a população ainda tem uma percepção subjetiva da queda acentuada do PIB e dos demais efeitos da crise. Para o cientista político Antonio Lavareda, consultor da MCI, ainda não está claro se o governo vem enfrentando a crise como deve:
- O que vai impactar é como o governo conseguirá enfrentar a crise. O Planalto faz um esforço para mostrar que é competente. Até agora, os efeitos na popularidade são preliminares. Mas ainda não está claro se o presidente está enfrentando a crise como deve. E isso pode refletir na candidatura de Dilma. Como efeito imediato da crise, voltou a surgir na população o tema da moralidade, que, em momentos de crescimento econômico, fica em segundo plano.
O cientista político João Francisco Meira, do Instituto Vox Populi, acredita que demora algum tempo entre o fenômeno, no caso os efeitos da crise, e a percepção da sociedade do que pode ser negativo ou positivo:
- Quais os reflexos dessa crise financeira na próxima eleição? Ainda é cedo. Até que ponto a recessão vai chegar? Mas até o momento, a percepção das pessoas é que o governo tem feito o possível na condução da crise.
Na própria base aliada no Congresso há apreensão. Para o presidente da Comissão para o acompanhamento da crise, senador Francisco Dornelles (PP-RJ), está na hora de o governo dar respostas mais rápidas. Ele alerta que a crise pode resultar num ambiente psicológico negativo que, até agora, o governo tem conseguido evitar.
- É preciso dar uma resposta rápida para reverter o quadro de pessimismo que pode tomar conta da sociedade de agora em diante. O discurso do presidente Lula está correto ao ser otimista. Mas é preciso dar mais operacionalidade. Ninguém conseguirá afetar a popularidade pessoal de Lula, pela sua capacidade de comunicação. Agora, o governo pode perder força - afirma Dornelles.
- Não há como uma crise dessa proporção não impactar o Brasil. E terá reflexos nos prefeitos, governadores e no presidente da República. Todos serão cobrados. A crise também tem impacto na indústria de São Paulo - aposta o líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP). - Mas as pessoas sabem que o governo Lula foi precavido e tomou medidas para amenizar a crise. Espero que, até 2010, seja outro cenário. O momento presente terá papel decisivo no futuro, no caso as eleições. E o futuro terá impacto no presente. E temos instrumentos para preparar o futuro.
Para a oposição, a popularidade de Lula começará a ser atingida assim que ele assumir que a crise não é só uma "marolinha".
- Os reflexos na popularidade dependem do humor da sociedade. Até agora, havia um discurso otimista do governo. Mas Lula começa a mudar esse discurso. A sociedade já começa a perceber que a crise não é apenas uma "marolinha". E isso vai atingir o humor das pessoas - diz o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE).
DEU EM O GLOBO
Abalo na economia já atinge articulações para candidatura de Dilma em 2010
BRASÍLIA. O temor de uma recessão em 2009, a partir da queda de 3,6% do PIB no último trimestre de 2008, acima do esperado, assustou não só a área econômica do governo, mas também o núcleo político. Apesar do discurso otimista, a avaliação é que o agravamento dos efeitos da crise no Brasil pode começar a afetar a popularidade do governo Lula e ter reflexos, inclusive, na sucessão presidencial de 2010. A grande aposta ainda é na capacidade de comunicação do presidente.
O consenso entre integrantes do governo, da oposição e de cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO é que, até agora, Lula segura os índices de aprovação do governo com a sua capacidade de produzir discursos otimistas. Mas já se considera que isso pode não bastar. Para analistas de pesquisas e políticos, Lula tem conseguido passar a imagem de que o governo age para enfrentar os efeitos da crise internacional. Agora precisará mostrar as ações, de fato.
"Esse é o momento mais grave da crise", diz Múcio
A discussão no governo é sobre como evitar que a crise tenha forte impacto na popularidade de Lula, mas, principalmente, na aprovação do governo. Com o Planalto atingido, será mais difícil a transferência de votos para a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do presidente para 2010.
- Os meses de janeiro, fevereiro e março são emblemáticos. Esse é o momento mais grave da crise. Agora, as pessoas sabem que o presidente está atuando para amenizar os efeitos da turbulência internacional, aqui no Brasil. Isso será levado em conta pela população - afirmou o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro.
Na opinião de analistas eleitorais, a população ainda tem uma percepção subjetiva da queda acentuada do PIB e dos demais efeitos da crise. Para o cientista político Antonio Lavareda, consultor da MCI, ainda não está claro se o governo vem enfrentando a crise como deve:
- O que vai impactar é como o governo conseguirá enfrentar a crise. O Planalto faz um esforço para mostrar que é competente. Até agora, os efeitos na popularidade são preliminares. Mas ainda não está claro se o presidente está enfrentando a crise como deve. E isso pode refletir na candidatura de Dilma. Como efeito imediato da crise, voltou a surgir na população o tema da moralidade, que, em momentos de crescimento econômico, fica em segundo plano.
O cientista político João Francisco Meira, do Instituto Vox Populi, acredita que demora algum tempo entre o fenômeno, no caso os efeitos da crise, e a percepção da sociedade do que pode ser negativo ou positivo:
- Quais os reflexos dessa crise financeira na próxima eleição? Ainda é cedo. Até que ponto a recessão vai chegar? Mas até o momento, a percepção das pessoas é que o governo tem feito o possível na condução da crise.
Na própria base aliada no Congresso há apreensão. Para o presidente da Comissão para o acompanhamento da crise, senador Francisco Dornelles (PP-RJ), está na hora de o governo dar respostas mais rápidas. Ele alerta que a crise pode resultar num ambiente psicológico negativo que, até agora, o governo tem conseguido evitar.
- É preciso dar uma resposta rápida para reverter o quadro de pessimismo que pode tomar conta da sociedade de agora em diante. O discurso do presidente Lula está correto ao ser otimista. Mas é preciso dar mais operacionalidade. Ninguém conseguirá afetar a popularidade pessoal de Lula, pela sua capacidade de comunicação. Agora, o governo pode perder força - afirma Dornelles.
- Não há como uma crise dessa proporção não impactar o Brasil. E terá reflexos nos prefeitos, governadores e no presidente da República. Todos serão cobrados. A crise também tem impacto na indústria de São Paulo - aposta o líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP). - Mas as pessoas sabem que o governo Lula foi precavido e tomou medidas para amenizar a crise. Espero que, até 2010, seja outro cenário. O momento presente terá papel decisivo no futuro, no caso as eleições. E o futuro terá impacto no presente. E temos instrumentos para preparar o futuro.
Para a oposição, a popularidade de Lula começará a ser atingida assim que ele assumir que a crise não é só uma "marolinha".
- Os reflexos na popularidade dependem do humor da sociedade. Até agora, havia um discurso otimista do governo. Mas Lula começa a mudar esse discurso. A sociedade já começa a perceber que a crise não é apenas uma "marolinha". E isso vai atingir o humor das pessoas - diz o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE).
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