João Villaverde
O país está vivendo um período de transição, e este momento pede atenção do governo e do mercado financeiro, não opiniões definitivas quanto a superaquecimento ou desaceleração. A avaliação é do professor Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp e da Facamp. Para Belluzzo, o momento vivido pelo país exige do governo atenção com o aquecimento do mercado de trabalho, uma variável mais fácil de ser controlada que a elevação de preços das commodities. Ao mesmo tempo, a transição exige do mercado menos "afobação" no cálculo da taxa de juros básica necessária para reduzir a inflação.
Ao Valor, o economista afirmou ter ficado "surpreso" com o "fraquíssimo" resultado dos investimentos, que aumentaram apenas 0,7% entre o terceiro e o quarto trimestre do ano passado, feito o ajuste sazonal. "Não quer dizer, é claro, que os investimentos vão despencar ao longo de 2011. Não se pode destacar um resultado isolado e estender no tempo", diz.
Para Belluzzo, o mercado formou um consenso de que é preciso elevar as taxas de juros reais a 6% ao ano, de forma a manter a inflação sob controle. Há no mercado, diz ele, a percepção de que a atuação do governo na política fiscal será ineficaz, o que amplia a pressão sob o Banco Central (BC). "O ano de 2011 vai exigir do governo uma atenção muito maior que 2010, porque as condições estão mudando e há sinais contrários em diversos fatores", afirma o economista. "O varejo ainda está muito aquecido, e acabou passando por cima das medidas macroprudenciais do BC", diz Belluzzo, em referência às medidas tomadas em dezembro pelo governo, que limitaram o número de parcelas oferecidas no financiamento ao consumo.
Foram geradas 152 mil vagas com carteira assinada em janeiro, no segundo melhor resultado para o mês da série histórica. Já em fevereiro, as vendas de veículos se aproximaram dos 270 mil veículos vendidos - 20% mais que em fevereiro de 2010, quando a indústria contava com incentivos fiscais e não havia controle sobre a concessão de crédito para o consumo. "Os dados foram assustadores, o que deixa o governo pressionado a realmente tornar a política fiscal mais suave, além de aprimorar a comunicação de suas medidas ao mercado, que, por outro lado, deve receber as promessas fiscais com mais seriedade", diz Belluzzo.
Para o economista, que fazia parte do governo federal na última vez que a economia registrou avanço de 7,5% - em 1986 -, o momento atual é de transição. "A taxa de investimentos no último trimestre do ano passado e a produção da indústria em janeiro apontam para desaceleração, mas o mercado de trabalho e a venda de automóveis apontam para condições aquecidas. A fase agora exige muita atenção dos agentes".
VALOR ECONÔMICO
O país está vivendo um período de transição, e este momento pede atenção do governo e do mercado financeiro, não opiniões definitivas quanto a superaquecimento ou desaceleração. A avaliação é do professor Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp e da Facamp. Para Belluzzo, o momento vivido pelo país exige do governo atenção com o aquecimento do mercado de trabalho, uma variável mais fácil de ser controlada que a elevação de preços das commodities. Ao mesmo tempo, a transição exige do mercado menos "afobação" no cálculo da taxa de juros básica necessária para reduzir a inflação.
Ao Valor, o economista afirmou ter ficado "surpreso" com o "fraquíssimo" resultado dos investimentos, que aumentaram apenas 0,7% entre o terceiro e o quarto trimestre do ano passado, feito o ajuste sazonal. "Não quer dizer, é claro, que os investimentos vão despencar ao longo de 2011. Não se pode destacar um resultado isolado e estender no tempo", diz.
Para Belluzzo, o mercado formou um consenso de que é preciso elevar as taxas de juros reais a 6% ao ano, de forma a manter a inflação sob controle. Há no mercado, diz ele, a percepção de que a atuação do governo na política fiscal será ineficaz, o que amplia a pressão sob o Banco Central (BC). "O ano de 2011 vai exigir do governo uma atenção muito maior que 2010, porque as condições estão mudando e há sinais contrários em diversos fatores", afirma o economista. "O varejo ainda está muito aquecido, e acabou passando por cima das medidas macroprudenciais do BC", diz Belluzzo, em referência às medidas tomadas em dezembro pelo governo, que limitaram o número de parcelas oferecidas no financiamento ao consumo.
Foram geradas 152 mil vagas com carteira assinada em janeiro, no segundo melhor resultado para o mês da série histórica. Já em fevereiro, as vendas de veículos se aproximaram dos 270 mil veículos vendidos - 20% mais que em fevereiro de 2010, quando a indústria contava com incentivos fiscais e não havia controle sobre a concessão de crédito para o consumo. "Os dados foram assustadores, o que deixa o governo pressionado a realmente tornar a política fiscal mais suave, além de aprimorar a comunicação de suas medidas ao mercado, que, por outro lado, deve receber as promessas fiscais com mais seriedade", diz Belluzzo.
Para o economista, que fazia parte do governo federal na última vez que a economia registrou avanço de 7,5% - em 1986 -, o momento atual é de transição. "A taxa de investimentos no último trimestre do ano passado e a produção da indústria em janeiro apontam para desaceleração, mas o mercado de trabalho e a venda de automóveis apontam para condições aquecidas. A fase agora exige muita atenção dos agentes".
VALOR ECONÔMICO
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