O PSD representa o triunfo de políticos cujo objetivo maior é estar no governo, qualquer governo. A finalidade, os brasileiros a conhecem. Para quem não a conhece, os sucessivos escândalos se encarregam de esclarecer.
Nesse sentido, o partido faz jus à condição de costela do DEM, herdeiro, por sua vez, do PFL, legenda insuperável em parasitar o poder.
Já na primeira reunião, Gilberto Kassab, chefe da sigla, foi direto ao ponto. "Estamos abertos a alianças com qualquer um; o que irá nortear as nossas alianças são nossos princípios e nossa conduta."
Quais são eles? "O PSD não fará oposição pela oposição. Faremos política para ajudar o Brasil." Hum.
Vai exigir definição dos que querem mudar de sigla? "Não teria sentido, seria incoerência para um partido que quer inovar impor ao parlamentar mudanças em sua conduta", diz o prefeito de SP (sim, ele ainda é).
Em bom kassabês, cabe quem quiser. O importante é atrair uma enxurrada de parlamentares, venham de onde vierem, para ganhar peso e vender caro as barganhas pela frente. Em troca, exigem-se compromissos do mesmo quilate das promessas feitas a quem, vivo ou morto, chancelou a criação do PSD.
Após declarar que seu partido não era de esquerda, nem de direita, nem de centro, Kassab ensaiou um ajuste retórico. Ontem acordou "centrista", jeito fashion de afirmar que é tudo e nada ao mesmo tempo.
Providenciou também a ideia de uma Constituinte em 2014. Esta convenceu tanto quanto as vitrines das tinturarias que ocultavam em seu interior atividades inconfessáveis.
Mas o PSD tem seu mérito. A maneira como surgiu, a forma escancarada como expõe seus objetivos e a indigência programática alertam para a mediocridade do ambiente político atual. Ninguém se iluda, contudo, quanto à sua suposta assepsia ideológica. É mais um "partido de resultados" -a favor do quê, todos estão cansados de sabê-lo.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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