O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, confirmou ontem que a Petrobras ganhará uma nova diretoria, a Corporativa: o nome mais cotado para assumi-la é o de José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT.
Tira cá, dá lá
Dilma troca diretor do Dnocs, mas desiste de mudar Transpetro e cria diretoria na Petrobras para o PT
Gerson Camarotti e Gabriela Valente
Para evitar o agravamento da crise com o PMDB — após enfrentar o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e tirar seu apadrinhado Elias Fernandes da direção do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) —, a presidente Dilma Rousseff decidiu manter o ex-senador Sérgio Machado (PMDB-CE) no comando da Transpetro.
A decisão de substituir Machado, que há nove anos preside a subsidiária da Petrobras, havia sido comunicada pelo governo à cúpula do PMDB, que reagiu mal e trabalhou para revertê-la, levando o Planalto a recuar.
Ao mesmo tempo, outra decisão já tomada em relação à Petrobras, que será presidida por Maria das Graças Foster a partir do dia 13, é a criação de mais uma Diretoria, a Corporativa, que deverá ser usada para acomodar José Eduardo Dutra, ex-senador e ex-presidente do PT e da Petrobras, como antecipado pelo GLOBO.
— (Dutra) É um homem de alta capacidade e já foi presidente — afirmou ontem o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), ao confirmar a criação da diretoria.
Machado é uma indicação do líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), e do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-MA). Ao retornar a Brasília, anteontem à noite, após participar do Fórum Social Temático, em Porto Alegre, a presidente Dilma foi alertada sobre a insatisfação dos senadores do PMDB.
A avaliação feita foi a de que não se deveria "comprar briga" também no Senado, uma vez que a situação já estava complicada com o PMDB da Câmara.
"Ele permanece pelo desempenho"
Mais cedo, o ministro afirmara ao GLOBO que, na gestão de Maria das Graças Foster, seria substituído o diretor de Exploração e Produção, Guilherme Estrella, que, segundo ele, pediu para sair. Disse também nessa conversa que Machado não deixaria a Transpetro.
— Estrella vai sair porque deseja sair. Já o Sérgio Machado não vai sair.
É fato que ele está no cargo nos últimos nove anos. Mas está dando resultado.
Não vamos mudar alguém que está dando resultado de 100% — afirmara Lobão ao GLOBO mais cedo. — Sérgio Machado é uma indicação do PMDB. Mas ele permanece no cargo pelo seu desempenho. A disposição é para ele ficar.
Depois de fazer uma avaliação pragmática, Dilma e seu núcleo político avaliaram os riscos de comprar briga com uma bancada de 20 senadores: isso fragilizaria o governo no Senado, abrindo espaço até para a criação de CPIs. Na Câmara, a situação é diferente, porque, apesar de o PMDB ser a segunda maior bancada, a base do governo é mais confortável e espalhada por vários outros partidos.
Diante disso, o Planalto ontem avisou a Renan Calheiros que Machado seria mantido. Além do recado passado anteriormente pelo Palácio do Planalto, de que era preciso oxigenar os quadros da estatal e suas subsidiárias, a futura presidente da Petrobras já tinha demonstrado sua intenção de substituir Machado.
O desejo do Planalto de trocar o comando da Transpetro fora confirmado ao GLOBO na quinta-feira por auxiliares de Dilma. Pelo menos três dirigentes do PMDB também confirmaram que esse recado chegara à cúpula peemedebista.
Na mesma quinta-feira, Renan e Sarney entraram em campo, em conversas com interlocutores da presidente, para alertá-los sobre o risco de aumentar o grau de insatisfação no PMDB.
A semana inteira foi marcada pela troca de desaforos e desafios entre o governo e Henrique Alves, líder da bancada do PMDB na Câmara. Ele assumiu publicamente a campanha contra a decisão de Dilma de tirar Fernandes do Dnocs, o que acabou consumado anteontem.
A decisão foi tomada após relatório da Controladoria Geral da União (CGU), de dezembro de 2011, apontar irregularidades da ordem de R$ 312 milhões no órgão, além de indicar favorecimento de verbas para o Rio Grande do Norte, estado de Henrique Alves e de Fernandes. Os dois negam irregularidades.
Lobão: "A rigor nada muda"
Mesmo após a demissão no Dnocs, peemedebistas diziam que a relação do partido com o governo está abalada. E que haverá troco.
Foi esse quadro que levou ao recuo sobre a Transpetro. Lobão foi escalado para anunciar que tudo continua como está na Petrobras e em sua subsidiária.
— A rigor nada muda, só a presidente — disse Lobão durante entrevista coletiva, omitindo a provável substituição de Estrella.
Sobre a Transpetro, afirmou: — Não há cogitação da substituição do Sérgio Machado. Ele está mais firme que o Pão de Açúcar.
FONTE: O GLOBO
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