As "novas práticas políticas" que a presidente Dilma Rousseff divulga como atração do segundo ano de mandato têm alcance limitado e prazo de validade.
A decisão de brecar o toma lá dá cá não nasceu do diagnóstico de que o sistema está viciado, mas da necessidade de reagir a um princípio de levante de aliados no Congresso -as cúpulas partidárias já se sentiam à vontade para cobrar o terreno perdido na esteira da "faxina" e do estrangulamento orçamentário.
A resposta do governo foi trocar seus líderes no Senado e na Câmara. Caíram Romero Jucá e Cândido Vaccarezza. Não à toa, ambos símbolos do consórcio PT-PMDB, que deu sustentação a Lula 2.
Interessa a Dilma "discutir essa relação" e repactuá-la em termos menos leoninos. É ingenuidade, porém, apostar na escalada do confronto e no descarte do PMDB, convenientemente transformado em símbolo maior do fisiologismo.
O Planalto não se preocupa tanto com a agenda legislativa nem com os votos peemedebistas para a Lei Geral da Copa, o Código Florestal ou a nova previdência dos servidores. Nesses casos, a solução é relativamente simples: adiar as votações até costurar um acordo ou vetar aquilo que for aprovado à revelia.
São outros os fatores que tornam o PMDB essencial. O partido está embicado para assumir o comando das duas Casas do Congresso a partir de fevereiro próximo e terá expressivo tempo de televisão na campanha reeleitoral de 2014.
A "crise" entre Executivo e Legislativo tende, portanto, a não adentrar 2013. O que não significa que ela sairá rapidamente do noticiário.
O segundo ano de Dilma carece de uma marca que gere dividendos de imagem, como foi a demissão serial de ministros em 2011. Já que o PAC anda engasgado e a economia só deverá pegar no tranco no segundo semestre, por que não aproveitar e bater pesado na "velha política"?
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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