"Eleições municipais, questões locais." Eis um chavão que dificilmente saíra ileso de 2012. As campanhas ganharam inesperada e expressiva dimensão nacional.
De início, os partidos pareciam propensos a congelar seus projetos futuros, diante da força do governo federal e da anemia da oposição. Confiantes ou conformados com a reeleição de Dilma, não teriam motivo para desperdiçar munição tão cedo.
Até o PT, habitualmente afoito, começou o ano na retranca. Com raras exceções, como Salvador e Porto Alegre, tentou não incomodar os aliados. Traçou planos para destronar o tucanato em São Paulo, manter as grandes cidades que já administra e crescer pelas bordas.
Várias capitais seriam delegadas aos parceiros, em troca de apoio aos candidatos petistas a governador daqui a dois anos. O jogo, afinal, era 2018: controlar o máximo de Estados, além do Planalto, para pautar a sucessão de Dilma 2.
Difícil precisar o que embaralhou as cartas: a crise econômica, o mal-estar na coalizão nacional após a "faxina", a fase pé na jaca de Lula, o incômodo de constatar que (apenas) o PT tinha estratégia de médio prazo ou tudo junto e misturado.
O fato é que a direção do PSB, uma sigla emergente no Nordeste e no Congresso, rasgou o script e anunciou voo solo neste ano em redutos petistas, forçando o revide.
Os confrontos entre o PT e o PSB em Recife, Fortaleza, Belo Horizonte e João Pessoa não significam ruptura definitiva. Mas têm a importância de ensaiar algo que estava programado para bem mais adiante.
Na disputa da capital mineira estão engajados os nomes mais badalados da corrida presidencial de 2014: Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB), articuladores da reeleição de Marcio Lacerda, e Dilma, madrinha da candidatura de última hora de Patrus Ananias (PT).
São Paulo remói o passado com Lula x Serra. BH aponta o futuro.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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