Christiane Samarco
BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou ontem que o PT e a presidente Dilma Rousseff tentam nacionalizar a disputa na capital mineira. Aécio apoia o candidato à reeleição pela Prefeitura de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), que mantinha um acordo desde 2008 com petistas e tucanos. A aliança foi rompida na semana passada. Com o racha, atribuído pelos petistas a articulações de Aécio com vistas à eleição presidencial de 2014, Patrus Ananias (PT) registrou ontem sua candidatura com apoio de mais quatro partidos - PMDB, PC do B, PRTB e o PSD de Gilberto Kassab, afilhado político do candidato tucano à prefeitura paulistana, José Serra. Já Lacerda terá o apoio de 18 partidos.
O PT responsabiliza o PSDB pela ruptura da aliança em Belo Horizonte. O sr. fez pressão?
Quem rompeu foi o PT. Nunca reivindicamos nada. Aceitamos que o PT tivesse a vice pela segunda vez consecutiva e mais de 700 cargos na prefeitura porque achávamos e continuamos achando que Marcio (Lacerda) é o melhor para Belo Horizonte. A verdade é que o PT queria eleger uma bancada maior de vereadores com votos do PSB. Foi um equívoco que custará caro pela incoerência do discurso.
Mas o PT o acusa de nacionalizar a disputa.
O que me parece é que foram o PT e o Palácio do Planalto que decidiram nacionalizar essa campanha. No momento em que a presidente da República deixa seus afazeres e os problemas do Brasil para interferir nos partidos políticos e lançar uma candidatura a prefeito de Belo Horizonte, aí sim há uma real tentativa de nacionalizar a disputa. O PT tem tornado tradição a política de intervenções. Foi assim em São Paulo, quando abriu mão de uma candidatura natural para impor um candidato. No Recife, a política intervencionista fez o partido perder um de seus melhores quadros, que é o deputado Maurício Rands, e a candidatura petista em BH é fruto de mais uma intervenção.
O ex-ministro José Dirceu avalia que o divórcio entre PT e PSB em várias capitais impacta na aliança nacional e aponta para uma candidatura presidencial de Eduardo Campos (PSB-PE).
Há uma avaliação equivocada do PT ao nacionalizar questões. Todas as rupturas foram motivadas por questões locais. Toda vez que o PT tem que optar entre povo e o PT, fica com o PT. Para eles, é mais importante ter mais dois ou três vereadores do que a administração bem avaliada do Marcio. O PT queria ter prefeito como refém.
O sr. disse que, se o PSDB quiser, será candidato a presidente contra Lula ou Dilma. O sr.também estaria disposto a enfrentar Eduardo Campos?
O PSDB tem a responsabilidade de apresentar um projeto alternativo a este que está aí e uma nova agenda para o Brasil. Este é um compromisso que o PSDB vai cumprir, obviamente com o lançamento de um candidato a presidente no momento certo, independentemente de quem seja ou quem sejam os adversários.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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