Família do petista Adilson Pires mora em um condomínio gradeado numa das mais violentas comunidades do Rio
Vereador ainda não apareceu no programa de TV de sua chapa, que ocupa mais da metade do horário eleitoral
Italo Nogueira
RIO - Após seis mandatos, o vereador Adilson Pires (PT), 53, saiu da oposição, virou líder do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), e acabou escolhido vice na chapa pela reeleição do prefeito.
Apesar da ascensão, ele não saiu de onde cresceu: a favela Vila Aliança, zona oeste, uma das comunidades mais violentas do Rio.
Até dois anos atrás, Pires morava a 50 metros da boca de fumo mais movimentada da favela, onde homens armados vendem e consomem drogas, e troncos de árvores e muretas na rua evitam a aproximação de carros.
A Folha visitou o local com o presidente da associação de moradores, Ricardo Ananias -Pires não quis acompanhar.
"Fui criado ali, minha família e meus amigos estão ali. Sinto compromisso de não abandonar essas pessoas", diz. Segundo ele, "ninguém pode achar natural conviver com isso [pessoas armadas]. Mas tenho confiança no governo de que participo. Estamos criando as condições para garantir a política de pacificação em curso."
Pires mora hoje num pequeno condomínio gradeado -com a mulher, a mãe, um filho e uma irmã professora de escola municipal. "Vivo todas as contradições que você pode imaginar", afirma.
O petista tem presença discreta na campanha de Eduardo Paes. Acompanha algumas agendas, mas só aparece nas faixas produzidas por candidatos a vereador do PT.
Embora o programa de Paes ocupe mais da metade do horário eleitoral (16 minutos dos 30 disponíveis), Pires ainda nem foi apresentado no programa de TV de sua chapa -diferentemente do que ocorreu com o músico Marcelo Yuka (PSOL) e a deputada estadual Clarissa Garotinho (PR), candidatos a vice dos adversários Marcelo Freixo (PSOL) e Rodrigo Maia (DEM).
Pires é apontado por seus adversários e correligionários como um "vereador ideológico". Acabou sendo escolhido após pressão do PT para garantir a presença na chapa liderada pelo PMDB. Se for eleito -Paes tem 54% das intenções de voto no Datafolha-, Pires substituirá o atual vice-prefeito, Carlos Alberto Muniz (PMDB).
Banho de Lula
Fundador do PT, Pires ja recebeu em sua casa o ex-presidente Lula. Foi durante a campanha presidencial de 1994. Na ocasião, Lula teve de tomar banho com um balde por falta d"água.
Pires chegou à Vila Aliança durante a política de remoções de favelas da zona sul no governo do udenista Carlos Lacerda (1961-1965).
Aos dois anos, saiu do morro do Pasmado, em Botafogo (zona sul), para a favela, antes um bairro proletário urbanizado, tal qual a conhecida Cidade de Deus.
O reassentamento de moradores que vivem em áreas de risco é um dos temas de críticas a Paes. "Não aceito esse tipo de remoção [do governo Carlos Lacerda]. Mas é responsabilidade da prefeitura cuidar da vida das pessoas e ela respeita a Lei Orgânica do município", disse.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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