• 10 mil soldados continuarão a fazer o patrulhamento de sítios sensíveis na França, e reservistas serão convocados para aliviar o peso do trabalho de policiais e militares
Andrei Netto - O Estado de S. Paulo
PARIS, - Menos de 15 horas depois de anunciar sua decisão de sair do Estado de Emergência, o presidente da França, François Hollande, anunciou na madrugada de hoje (noite desta quinta-feira no Brasil) que vai prolongar por mais três meses o regime de exceção no qual o país vive desde 13 de novembro.
A decisão foi informada em um pronunciamento no qual o chefe de Estado confirmou que o ataque de Nice se trata de um "ato terrorista". Para enfrentar a ameaça de novos crimes, 10 mil militares continuarão a reforçar o policiamento, e reservistas serão convocados para aliviar a carga de trabalho de agentes e militares em todo o país.
Os anúncios foram feitos em uma declaração solene no Palácio do Eliseu. Hollande usou pela primeira vez a palavra "terrorismo" para designar o atentado de Nice. "Esse ataque, cujo caráter terrorista não pode ser negado, é mais uma vez de uma violência absoluta. Temos de fazer de tudo para lutar contra o flagelo do terrorismo", afirmou o presidente, confirmando a morte de dezenas de pessoas, incluindo "várias crianças".
"A França foi atingida no dia de sua festa nacional, o 14 de Julho, símbolo da liberdade. Os direitos humanos são negados pelos fanáticos", analisou, reconhecendo que a ameaça persiste. Depois de Paris em janeiro de 2015, e em novembro, junto com Saint-Denis, Nice é agora atingida. Toda a França está sob a ameaça do terrorismo islamista."
Para enfrentar essa realidade, Hollande pediu "vigilância absoluta" de parte da população para evitar novos ataques. Segundo ele o país já reformou seu arsenal legal para enfrentar a ameaça terrorista, mas que algumas medidas precisam ser tomadas. O presidente citou a manutenção do efetivo militar de 10 mil homens que integram a operação Sentinela, que garante a participação das Forças Armadas no reforço da segurança do país. Pela manhã, Hollande havia evocado a possibilidade de reduzir para 7 mil homens o efetivo.
Além disso, conforme esperado, o presidente decidiu prolongar por três meses o Estado de Emergência, situação que amplia os poderes da polícia, do Ministério Público e da Justiça para apurar crimes e suspeitas de terrorismo. Antes do atentado, Hollande havia anunciado no início da tarde que o regime de exceção seria suspenso até 26 de julho, mas agora deve ir até outubro, sem interrupção.
A terceira medida de segurança interna foi a convocação dos reservistas. O presidente, entretanto, ainda não divulgou números nem detalhes sobre a medida.
Já no plano da política externa, Hollande afirmou sua disposição de reforçar os ataques ao Estado Islâmico, com a missão de reforçar os bombardeios a posições do grupo, facilitando a tarefa do exército iraquiano, que luta pelo controle de Mossul. "Nada nos fará ceder em nossa vontade de lutar contra o terrorismo", afirmou, referindo-se especificamente à Síria e ao Iraque.
De acordo com o presidente, o país está abalado, mas vai se levantar. "A França está horrorizada pelo que acaba de acontecer, essa monstruosidade que é utilizar um caminhão para matar dezenas de pessoas", disse Hollande. "Mas a França será sempre mais forte do que os terroristas que querem atingi-la."
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