- Folha de S. Paulo
Na sessão em que a base governista aprovou a reforma trabalhista, na quarta-feira (26), o deputado federal Darcísio Perondi (PMDB-RS) afirmou que daqui a algumas décadas todos eles serão lembrados como parlamentares "inteligentes, estudiosos e sensíveis".
Dado que o futuro teima em desmoralizar futurólogos, fiquemos no presente mesmo. Ou quase nele.
Daqui a 12 dias, completa-se um ano de Michel Temer no poder.
No comando de uma agenda especialmente alinhada a interesses empresariais, nas reformas e em outras medidas, Temer faz eco ao presságio perondista: o de que a libertação do "espírito animal" da avenida Paulista irá trazer empregos, crescimento e reconhecimento histórico.
No atual momento, porém, a taxa de brasileiros em busca de trabalho é recorde, 13,7%. E a imagem dos políticos -não só a dos deputados, mas a de toda a classe política, incluindo nela senadores, Temer, seus ministros e a oposição- é tão, tão distante de "inteligentes, estudiosos e sensíveis" que chega a dar pena.
Até poucos anos atrás, era inimaginável no Brasil alguém questionar a máxima de Winston Churchill sobre a democracia: a de que é a pior forma de governo que inventaram no mundo, excetuadas todas as outras.
Embora manifestações simpáticas ao autoritarismo ainda sejam mais ou menos catalogadas no rol de "coisas lunáticas da internet a serem ignoradas", um boneco militar foi incluído algumas vezes em atos diante do Congresso e, em novembro, um grupo invadiu o plenário da Câmara em um difuso protesto contra a corrupção, o governo e o "comunismo" do governo. Exigia-se, para o início de negociações de retirada, a presença de um general do Exército.
Mãe Dináh morreu em 2014 e, infelizmente, não poderá nos ajudar a saber como a história olhará, daqui a uns 50 ou cem anos, para os atuais políticos, os de dentro dos palácios e os que querem atear fogo aos palácios. Que a terra lhes seja leve.
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